Boa tarde meu caro.
Vou expressar minha opinião que não necessariamente é a verdade absoluta, mas, sim, minha opinião mesmo baseada nos meus valores e experiência de vida.
Sou divorciado, então, tenho alguma experiência com relacionamento que não deu certo e já fiz muita cagada na vida financeira sozinho e enquanto casado, acredite.
Eu discordo quando tentamos tratar um relacionamento como um "negócio/empresa". Na minha opinião essa visão traz uma "frieza" e objetividade demais para algo que é subjetivo e envolve sentimentos. Tratar toda a decisão do casal da mesma forma como se trata numa tomada de decisão dentro de uma empresa (análise financeira, viabilidade, projeções, contingências, etc) com o decurso do tempo pode vir a se tornar um gatilho para sempre justificar condutas egoístas e individualistas. Explico, sob a bandeira da construção de patrimônio, acabamos justificando em nossa mente a desnecessidade de fazer uma surpresa, de entender um momento difícil do cônjuge, abrir mão de se constituir uma família pelo "eterno e romantizado" melhor momento e por aí vai. A verdade é que precisamos ter cuidado para não nos cegarmos sob uma bandeira e nos tornamos "tiranos" sem perceber. É preciso ter cuidado para que o dinheiro não se torne o centro de tudo. Pois, ao final, o resultado é bem óbvio: separação.
Eu fui assim no meu primeiro casamento, me distanciei porque ganhava 4x mais que minha esposa, era o provedor do lar e o construtor do patrimônio. Me pressionava cada dia pra ganhar mais, pra subir mais e num belo momento percebi que o risco era alto haja vista que quanto mais crescemos na carreira e no salário, mais o risco de um sinistro (demissão) se torna eminente. Foi nesse momento que parei de dar atenção ao meu casamento e fiquei obcecado por economizar e fazer do meu jeito, afinal, o exemplo de sucesso era eu. O erro, foi que não houve diálogo transparente, não houve alinhamento de expectativas e, na minha visão, o orgulho de não considerar que minha ex podia ter uma visão diferente que pudesse agregar em algo me fazia ficar mais distante ainda.
Em fim, chegou um momento que éramos casados, mas cada um tinha sua vida independente com suas convicções e objetivos. Num belo dia, chegamos a conclusão que não tínhamos nada como casal e nos separamos porque parecíamos duas pessoas vivendo numa espécie de república universitária.
Amadureci e passei por muitas mudanças grandes na minha vida profissional e, hoje, tenho um relacionamento que posso chamar de a dois, pois, conversamos sobre dinheiro, conversamos muito mesmo. Alinhamos periodicamente nossos sonhos e, principalmente, definimos PRAZO longo para isso. Uma coisa que eu aprendi é que a vida não se resolve em 5 minutos. As vezes, é preciso anos de dedicação, de MUITO trabalho, de muita luta, de muita resiliência com seus chefes, patrão, clientes, fornecedores e etc. Um erro que cometi lá atrás foi dosar mal a velocidade com que pretendia conquistar uma coisa comparada ao que minha ex esposa pensava. Não conversávamos, deu ruim.
Saiba que para um relacionamento dar certo é preciso diálogo, é preciso estabelecer um tempo factível para atingimento dos objetivos considerando o que cada um acredita, não conter demais a emoção para sempre ter o elemento surpresa para manter vivo o amor e, por fim, não perseguir cegamente o "melhor momento" ou "quando tudo estiver na CNTP". Sobre esse último ponto, as vezes nos iludimos pensando: "quando eu tiver tal condição, serei romântico", "no dia que eu atingir R$ xxxxxx, vou dar atenção a família" e por aí vai. Cada dia eu tento praticar a ideia que o longo prazo é o somatório de vários curto prazo. Você é no longo prazo o que você faz no curto prazo x 50 anos. É a mesma lógica para investimento...
Por fim, sobre o regime de bens, vai depender muito de qual a sua situação pré casamento. Se tem bens relevantes, procure um advogado para deixar o registro desses bens documentados para não ter problema de confusão patrimonial lá na frente e, do casamento em diante, se tem medo de ficar somente com 50% de tudo que conquistou durante o tempo de casamento avalie se você realmente está pronto para casar. Um patrimônio não é construído de forma objetiva na medida exata de cada aporte. Não sou eu que estou dizendo, está na lei, considere que do momento em que assina o papel do casamento até o final (espero que não chegue nesse dia)mas, chegando, considere que 50% é o que você terá efetivamente.
Como lhe disse, é apenas minha opinião.