Jovem, entre 22 ~ 25 anos, magro e alto, feição de desinteresse, cabelo bagunçado e uma placa que diz "abraço grátis".
Essa é a descrição de um homem que vejo no parque há mais de 3 meses, sempre que vou caminhar.
Ele aparenta sempre estar cansado, mas sempre disposto.
As folhas das árvores se tornam insignificantes quando comparadas às pessoas que o ignoram todas as vezes que dão suas voltas nas caminhadas.
Sempre me questiono onde ele quer chegar com aquilo, fico estranhamente interessado em saber o motivo que não é relevante pra mim.
Hoje eu e dois amigos fomos fazer nossa caminhada tradicional, nada excêntrico, mas paramos pra conversar sobre sempre ver ele.
Vou chama-los de amigo 1 e amigo 2 pra não expor nomes.
Meu amigo 1 disse que "talvez ele seja um estudante de teatro que quer quebrar as barreiras da vergonha que ele sente, pode ser um cara super inteligente e introvertido... Ou talvez vai oferecer algo pra vender pós abraço".
Já o amigo 2 disse, não com essas palavras, mas vou tentar traduzir - "a forma com que ele oferece os abraços não é nada atrativa, ele não tem uma abordagem interpessoal interessante, não cria desejo espontâneo de o abraçar."
Ficamos discutindo por 1,7km, que são aproximadamente 14 minutos andando em um ritmo lento. Nossa conclusão foi que, o Léo abraça e pergunta ele o motivo.
O cumprimentei e questionei falando assim "eai cara, sempre te vejo e passo reto apesar de ter vontade de te abraçar, algo tira meu interesse" o abracei e continuei a dizer "pode me falar o motivo de você estar aqui todos os dias por tanto tempo?"
Ele, um pouco inseguro, gaguejando e respirando fundo me disse "eu... um dia estava deprimido e saí pra rua, um estranho me abraçou e me senti melhor... decidi fazer o mesmo, até criei uma ONG ".
Ele não soube me explicar sobre a ONG, talvez pelo nervosismo de alguém dar atenção a ele ou pela pergunta inédita que muitas pessoas queriam fazer.
Quando eu terminei de abraçar ele, chegou uma garota e fez o mesmo. Talvez as pessoas não o abraçam por ter medo de quebrar a barreira, e, quando alguém a quebra, apenas seguem por ser mais fácil.
Não sei o que acho sobre isso, mas de alguma forma acho que vou abraçar ele novamente quando voltar para caminhar, e meus amigos também.
Não sei o motivo de eu ficar tão interessado no intuito dele, mas esse cara alugou um apartamento na minha mente.