"Bruna Centeno, economista e especialista em renda fixa da Blue3, explica que o valor nominal dos ativos atrelados à inflação também é atualizado ao longo do mês, conforme a variação do índice de referência. No caso dos títulos do Tesouro Direto e de muitos papéis emitidos por empresas, trata-se do IPCA.
Essa atualização é realizada a partir do chamado VNA – ou valor nominal atualizado, calculado pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) e indicativo do preço de um título de renda fixa caso seu vencimento ocorresse no dia, de imediato. O VNA é um indicador importante, especialmente para quem comprou papéis no passado e deseja saber o valor deles atualmente, segundo a variação da inflação.
A deflação, portanto, impacta os títulos públicos ao fazer com que o VNA recue durante o período em que a variação da inflação foi negativa. Porém, isso não significa que o preço do título no mercado irá cair necessariamente, já que existe ainda a parcela prefixada do papel (que foi travada no momento que o investidor adquiriu o papel).
Se esse juro prefixado também cair conforme as taxas que o mercado precifica naquele dia, isso poderá levar a uma valorização do preço do papel. Esse movimento é chamado de marcação a mercado. Na prática, papéis prefixados e os atrelados à inflação – especialmente os de longo prazo, que são mais sensíveis às variações – costumam valorizar quando as taxas de juros estão em tendência de queda. O contrário também é verdadeiro.
A questão, nesse caso, é verificar qual fator terá mais influência no preço dos papéis, se será a deflação, ou a taxa prefixada negociada no mercado secundário, explica Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed. “A única certeza que temos todos os dias é que o VNA cairá por conta da deflação e a dúvida sobre o preço ficará por conta das negociações diárias”, pondera."
Fonte InfoMoney