Olá, Yasmin!
Agradeço por compartilhar esse caso, achei muito interessante tanto do ponto de vista do investimento como ideia para movimento de empreendedorismo.
Dei uma olhada nessa proposta da allu.invest que promete até 21% ao ano (ou 2 a 2,5% ao mês, como você mencionou).
Quando vejo promessas de retornos tão expressivos, meu radar de ceticismo dispara automaticamente. Mas acho analisar com um pouco mais de profundidade antes de formar uma opinião.
Entendendo a proposta
A oferta funciona assim: a gente investe a partir de R$30.000 por 24 meses, e a allu usa esse capital para comprar iPhones, PlayStation, máquinas de café e outros eletrônicos que serão alugados através da plataforma deles.
Basicamente, você está financiando o estoque de uma empresa de assinatura de eletrônicos, e eles prometem compartilhar os lucros desse modelo de negócio com você.
O que me chamou atenção
No mercado atual, investimentos tradicionais de renda fixa estão pagando entre 10-15% ao ano. A diferença para os 21% prometidos é substancial e sugere riscos adicionais implícitos.
A palavra “até” 21% a.a. é o detalhe crucial. É como um anúncio que diz “economize até 70%” - alguns podem economizar 70%, mas a maioria economizará muito menos.
As garantias oferecidas
Eles usam CCBs (instrumentos legítimos), mas as garantias reais são:
- estoque de aparelhos eletrônicos (que perdem valor rapidamente)
- patrimônio da empresa
- patrimônio sócios da empresa.
O que está acontecendo nos bastidores
A complexidade nem sempre é sinônimo de sofisticação. Neste caso, temos:
1. Um instrumento financeiro legítimo (CCB)
2. Um modelo de negócio que parece inovador
3. Depoimentos de figuras conhecidas
4. Métricas impressionantes de crescimento
Um detalhe interessante que notei é que eles oferecem:
Desconto no valor da assinatura de qualquer eletrônico (smartphone ou computador) na plataforma da allu.
Isso me faz pensar que o principal público de investidores são pessoas físicas e pequenas empresas que já alugam equipamentos da allu e confiam na empresa e nos sócios. Faz sentido - quem já usa o serviço tem mais chances de acreditar no modelo de negócio.
Fazendo um paralelo, se fosse o Raul da AUVP lançando uma nova plataforma de investimento com um modelo parecido, com a comunidade investindo e tendo um retorno melhor que a renda fixa tradicional, provavelmente a maioria de nós não pensaria duas vezes antes de investir.
Porém, por trás de todas essas camadas está uma verdade simples: seu retorno depende inteiramente do sucesso operacional de uma única empresa em um modelo de negócio relativamente novo no Brasil.
A pergunta mais importante
Quando algo promete resultados muito acima do mercado, a pergunta fundamental não é apenas “isso pode dar certo?”, mas “o que acontece se der errado?” nesse caso precisaria de uma imersão no modelo de negócio, mercado e histórico dos sócios para responder.
Não acredito que estamos diante de um golpe deliberado. A empresa parece operar legitimamente há alguns anos e usa instrumentos financeiros regulamentados.
No entanto, também não acredito que a maioria dos investidores conseguirá realmente obter os 21% ao ano prometidos. É essencialmente um investimento de alto risco disfarçado de renda fixa, onde seu retorno está completamente atrelado ao desempenho de um modelo de negócio específico.
Pessoalmente, não colocaria meu dinheiro em um investimento onde a promessa é tão elevada e as condições para alcançar essa promessa necessitam de uma investigação mais profunda no mercado, empresa e sócios.
Espero que isso ajude na sua decisão!
Caso avance na conversa com eles compartilha com a gente mais detalhes da proposta que seguimos trocando por aqui.