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Economia x Papel Estado


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Galera, gostaria de entender melhor sobre o papel do Estado em relação a quem produz em países desenvolvidos e subdesenvolvidos como no nosso. Na aula de ontem, entendi que em economia, se aprende a calcular PIB = C + I +G (X -M) e o IR e que esse cálculo é global. Assim, por aqui, nos fazem entender que o Estado é nosso amigo e quem produz o inimigo. Agradeço se alguém puder comentar a respeito Valeu, Herika
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Os que mais comentaram nesse tópico

Oi Herika!
O papel do estado é uma discussão ampla e complexa e depende de quais aspectos a gente vai analisar. Uma coisa que é muito importante de entender é que o estado não gera riqueza, mas sim consome riqueza. Parece óbvio mas não é. Tanto não é obvio que, no geral, as pessoas querem um estado que prove tudo, mas ninguém quer pagar imposto. As pessoas não costumam pensar de onde vem o dinheiro. Você pode fazer uma pesquisa rápida pra comprovar, pode perguntar pra algumas pessoas, seus amigos, família, se elas acham que o SUS é gratuito ou pago, pode pergunta tbm sobre escola publica, se elas acham que é paga ou gratuita. Eu posso apostar com vc que quase todas (pra não dizer todas) vão responder que esses dois sistemas são gratuitos. Não estou nem entrando no mérito de educação e saúde serem providos pelo estado, estou simplesmente demonstrando como o que parece óbvio não é tão óbvio e como as pessoas não associam o fato de que elas pagam por tudo isso.
Bom, mas qual o problema então? O problema é que o estado não é eficiente, pois ele não tem nenhum incentivo pra ser. O estado não precisa atrair e agradar clientes já que os clientes são obrigados a consumir seus serviços, é literalmente um monopólio. Pelo que sei monopólios, segundo o estado, são ilegais. Irônico, né?
Vc pode fazer uma avaliação entre todos os serviços estatais que vc já precisou usar, ou que vc tenha a mínima noção de como funcionam (cartório, educação, saúde, previdência, segurança, etc) e comparar esses mesmos serviços no setor privado. Onde vc foi melhor atendida? Depois da avalição de qualidade vamos fazer a avaliação de preços. Lembra que o Raul falou ontem que alíquota de imposto média no Brasil é de 38\%? Que na verdade é muito mais, mas vamos assumir que seja somente 38\%. Vc lembra algum serviço privado que vc usa ou usou e que custa 38\% de tudo o que vc ganha?
Além dessa análise, extremamente básica, sobre a ineficiência do estado temos que lembrar tbm que o estado tem toda um estrutura de custo fixa que a gente tem que manter e essa estrutura tem interesses próprios em se manter no poder e se blindar ao máximo de consequências por má gestão, corrupção, entre outra coisas. E não mantemos somente o básico, mas sim super salários e uma vida cheia de mordomia.
O pior de tudo isso é que os pobre, proporcionalmente pagam muito mais por toda essa estrutura do que os ricos.
Pessoas que defendem cobrar mais impostos dos ricos simplesmente estão defendendo essa ineficiência toda. Quantas pessoas vc já conheceu que defende uma redução do estado, pra ele custar mais barato. E quantas pessoas vc já conheceu que dizem que os ricos deveriam pagar mais impostos? O curioso é que se vc pergunta pra essas pessoas se elas confiam no estado pra gastar o dinheiro delas elas dirão que não. Então pq dar mais dinheiro pro estado?
Eu sei que escrevi bastante, mas queria dar uma breve ideia do que é o papel do estado em relação a quem produz. Ele é um fardo, e é muito pesado. A diferença entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos é, entre tantas outras coisas, a liberdade que o estado da para pessoas empreenderem e quão pesado é manter a estrutura estatal, ou quão ineficiente ela é.
A questão da formula do PIB = C + I +G (X -M) é simplesmente uma forma do estado parecer menos ineficiente do que ele realmente é. Olhar simplesmente pro numero do PIB e dizer se o pais cresceu ou encolheu é uma mentira. Um pais que tem um encolhimento no PIB, mas que os números de C, I e (X-M) cresceram enquanto o numero de G diminuiu é uma excelente noticia, enquanto um PIB que cresce mas com base no crescimento de G é uma péssima noticia e não é um crescimento sustentável já que o estado não produz riqueza nova e os recursos vão acabar cedo ou tarde. Infelizmente ninguém lê esse dado dessa forma.
O estado faz a gente acreditar que ele é nosso amigo e quem produz é o inimigo pra legitimar sua existência e legitimar que ele possa roubar cobrar impostos de quem produz.
Eu mal arranhei a superfície sobre o que é o estado, mas espero que possa te ajudar em novas perspectivas e mostrar alguns caminhos que vc pode pesquisar e se aprofundar mais sobre o tema. Tudo isso é só minha opinião e visão sobre um pequeno recorte do todo. Existem opiniões totalmente contraria e divergentes, mas acho que cabe a cada um pesquisar e tirar suas próprias conclusões.


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Vitor Menezes excelente texto! Eu sempre me pergunto como chegamos nesse ponto e o por que da existência do Estado. Entendo que se não existisse, teríamos algo próximo em conceito mas que seria infinitamente menos oneroso. Penso que, como muitas coisas no mundo, o Estado é produto de uma evolução caótica que foi costurada na base da espada, da pólvora e do grito.
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Muito massa a discussão...
Acabamos por validar as ações do governo, pelo pressuposto do bem popular.
Somos obrigados a dançar a musica escolhidas pelos nossos ilustres representantes.

Será que nosso regime é realmente democrático? Será que ele nos representa efetivamente, ou seria simplesmente democrático no momento eleitoral e uma vez eleitos agem de acordo a seus interesses pessoais?

Ano eleitoral vem ai... hora da maquiagem, hora de congelar preços de gás de cozinha, combustíveis... hora de reforçar programas assistenciais... e assim por meio de medidas como essas e uma população altamente desinformada vamos ditando o rumo do nosso pais...
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Infelizmente Alisson Santana, é assim mesmo que funciona.
Infelizmente não tem este ou aquele politico que fará a diferença, pois na verdade nenhum governante governa sozinho. Precisamos de uma reforma politica feita por "não políticos", pois nenhum político irá aprovar nada contra eles mesmos, uma reforma tributária e na sequencia uma reforma no código penal brasileiro.

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Vou tentar contribuir com algumas coisas técnicas. Para entender a questão da formação de um estado no sentido de que vão arrecadar recursos que somos nós que produzimos e porque esta seria uma boa solução, deve-se voltar a discussão de Política (Ciências Políticas e não política feita por representantes do "povo"). Em linhas gerais o homem decide por conta própria sair do Estado de Natureza para ir para o que conhecemos hoje como Estado. E, o faz, em razão de que no Estado de Natureza, os homens podem se matar por pouca coisa e o mais forte sempre subjuga os mais fracos (Hobbes é uma leitura inicial se alguém quiser se aprofundar). Agora, o Estado da Ciências Econômicas: governo, o G da nossa equação. Uma vez que existe a instituição estado, a sua função na economia é atuar como um regulador e assim corrigir grandes discrepâncias. Sua atuação deveria ser neutra. Em outras palavras, tudo o que ele retira da economia com os impostos deve ser devolvido. Esta devolução é feita, por exemplo, reduzindo a disparidade de renda na população, auxiliando pessoas que não tem como se sustentar a ter uma renda mínima, criando infraestrutura para reduzir riscos em negócios. Na prática, há uma perda, entre o que é recolhido e o que é retornado, em qualquer lugar do mundo. em países como o nosso, esta perda é muito grande, seja pela ineficiência, seja pela alta corrupção e um monte de outras coisas. O ponto é saber o que seria uma perda que estamos dispostos a pagar para ter uma instituição séria, que não é o nosso caso, para olhar os problemas da sociedade como um todo. Isso na economia chamamos de falha de mercado e, aqui envolve coisas como assimetria de informação(parte descrita pelo Vitor nos exemplos de saúde e escola), grupos de poder, cálculo de custos sem levar em conta o custo social (aquecimento global, encaixa aqui), entre outros. Na nossa equação, cada um dos termos tem um parte fixa e uma parte que varia com a renda, chamada propensão: propensão ao consumo, propensão a poupar, Exceto: G e X. então, quanto maior for o G e X maior será o impacto de forma benéfica na economia gerando renda real e independente para os cidadãos. Mas, isso não é infinito e nem quer dizer que devemos liberar governo para gastar, porque tudo isso é mediado por algo que se chama Multiplicador Keynesiano. Ele faz uma média de todas as influências de cada um dos gastos de nossa equação e seu cálculo parte da divisão do gasto do governo em duas partes: máquina pública e investimento do governo, apenas esta parte tem o poder de impactar a economia sem causar danos. Ao final, cada gasto feito na economia é capaz de gerar uma renda extra e o impacto é sempre acima de 1. O quanto acima, vai depender da saúde dos gastos: Investimentos Privados (o I da equação) e o quanto o governo é neutro (a máquina pública é adequada e os investimento do governo são eficientes, com pouca ou nenhum desvio no processo). E, aqui entra a outra parte ruim que o governo faz: inflação, ambiente de negócios não estáveis, falta de políticas claras (e aqui podemos colocar o Executivo, Legislativo e Judiciário) são fatores que influenciam o volume de I, e, ainda, levam as pessoas a consumirem mais do que poupar, reduzindo novamente a disponibilidade de recursos para os investimentos (na economia I sempre é igual a Poupança (P)). Em um país em desenvolvimento, em que as infraestruturas não estão prontas e não são adequadas para incentivar os negócios, isso se torna um complicador tremendo.
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