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Sou um Raul Sena ao contrário!


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Há seis meses tomei uma decisão que achei que mudaria a minha vida profissional, financeira e pessoal (e comentei isso ao vivo com o Raul numa aula da Turma 33). E hoje só estou esperando: vai dar merda. 

Eu morava em Sinop há 22 anos (sempre fui do norte do MT, terra do agro, e antes de ir pra lá cresci em Alta Floresta e passei um tempo em Lucas do Rio Verde, sempre no interior) e agora aceitei o convite de um ex colega de trabalho pra vir pra capital Cuiabá compor a equipe dele numa empresa concorrente no ramo em que eu estava lá, por um salário 50% maior, numa posição de supervisão/gestão. Apesar de eu saber que esse cara era meio doido, eu pensei na empresa, na oportunidade, e também pensei: o custo de vida em Sinop é muito alto, então vou ganhar mais na capital, com o custo de vida menor, e vai ser só sucesso (pelo menos era isso que meus parentes de Cuiabá diziam). 

Cabe destacar que quando fui pra Sinop 22 anos atrás eu tinha passado também um tempo aqui em Cuiabá tentando entrar na UFMT, mas bati na trave no curso de jornalismo, não entrei e então fui pra Sinop em busca de oportunidade. 

Por isso que digo que sou tipo um Raul Sena ao contrário, pois a partir daí trabalhei em áreas semelhantes, sendo que antes de parar onde estou trabalhei em jornal (escrevia e fazia diagramação e arte final), rádio (produzia, editava e fazia locução), TV (fui estagiário numa filiada da Globo), aí entrei pro negócio de internet (fiz site e tudo), até que me firmei como programador da área de software de gestão comercial (trabalhando na maior empresa do ramo na região). 

Em 2015 resolvi entrar no curso de direito. Estudei 5 anos, passei na OAB, fui dar aula na faculdade em que me formei, trabalhei com assistência jurídica lá, advoguei, fiz pós em direito e tecnologia (juntando as duas áreas quando a LGPD estava bombando), até que larguei a programação de vez e assumi um cargo comissionado no setor público, onde fiquei por um tempo. Uma reviravolta, de locutor pra programador e de programador pra jurista.

Mas como comecei no direito na época da pandemia, priorizei pagar as contas e aceitei uma vaga como analista comercial no ramo do atacado de alimentos e passei a entender um pouco desse setor de logística e distribuição para supermercados e o varejo em geral.

Contudo minha pretensão de me tornar um executivo de negócios não se saiu como eu gostaria justamente por conta da minha habilidade com tecnologia, e como eu percebi que nessa área há uma defasagem muito grande e muitos processos ainda são analógicos, comecei a dar sugestões de melhorias na empresa em que eu estava, criar projetos, e quando vi (por causa da falta de mão de obra qualificada) lá estava eu programando de novo meus próprios relatórios e controles, e com o tempo me tornei mais programador que analista comercial, passando a desenvolver outras ferramentas e apps pra empresa. Não era isso o que eu queria, pois eu me preparei pra estar na gestão, e horas na frente de uma tela de códigos me prenderia muito ao operacional, porque não acha gente com a experiência que as empresas precisam hoje, e eu não tinha como tocar os projetos adiante sem bater o escanteio e correr pra cabecear. 

Isso me trouxe aonde estou hoje: recebi essa proposta pra mudar de emprego, de cidade, e assumir uma posição de gestão na área em outra empresa, onde a ideia era aplicar todas as experiências multidisciplinares que tenho pra ajudar a empresa num processo de transformação digital de sua gestão (mas eu não seria de TI), pois realmente a empresa está precisando, com muitos desafios.

Só que o ex colega que me "trouxe" meteu os pés pelas mãos e durou menos que eu na empresa aqui. Eu achei que pelo menos assumiria a posição dele, mas outro cara se "dispôs" e passou na minha frente (pra não dizer que teve uma puxada de tapete), e eu acabei sendo deslocado pro setor administrativo, sem um propósito claro, tanto que não recebo demandas relevantes e nem me disseram qual será meu novo cargo. Na boa: é só uma questão de tempo. Apesar de eu mostrar que sou muito diferente, e ter um currículo e uma reputação, a sombra de ter sido indicado por um cara que não deu nada certo na empresa paira sobre mim.

O que eu quero dizer é que sempre me considerei muito conservador, sempre pensei muito bem e analisei tudo antes de tomar decisões, por isso as coisas sempre foram mais devagar pra mim. Chegava a me considerar acomodado, que poderia fazer mais. Nunca arrisquei muito, e quando revolvi arriscar, parece que não deu muito certo. Mudei de emprego, de cidade, tirei minha esposa do emprego dela lá, pra ver que logo logo terei que voltar atrás.

Felizmente ser cagão me proporcionou uma certa tranquilidade financeira (tudo em renda fixa). Se precisar voltar atrás eu volto. E, na boa, eu tô querendo cada vez mais voltar, mesmo porque financeiramente não é essa maravilha toda: Cuiabá também não tem lá aquele custo de vida menor que o interior do estado, ainda mais pra quem mora de aluguel. E aqui eu não tenho um bom network (em seis meses fica difícil fazer um).

Mas fica aquela: será que nunca terei um oportunidade realmente boa, ou eu que não sei enxergar?

Pela minha história, inevitável comparar, e acho mesmo que sou um Raul Sena ao contrário. Tenho algum bloqueio. Sou muito burro em relação aos outros, ou apenas um cagão mesmo. Um enorme potencial que não dá em muita coisa.
 
Onde estou errando?

Editado por Pedro Moura Araújo
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3 horas atrás, Daniele Vilela disse:

De um tempo pra respirar. Não tomw nenhuma decisão de cabeça quente. Se possível, tente ter uma conversa sincera com alguém da liderança na empresa pra entender se existe um plano pra você. Não se cobre tanto. O "erro" faz parte do aprendizado. Se você nunca arrisca, nunca aprende.

Complementando o que a colega falou, além de ter uma conversa sincera (e definitiva) com alguém da empresa, não se esqueça de que você não está sozinho nessa jornada. Como você comentou, sua esposa largou o emprego para ir junto com você nessa empreitada. Então acredito que é justo você conversar com ela e juntos decidirem o que fazer. Inclusive é o que deveria fazer antes de vir aqui para ouvir conselhos de desconhecidos 😊

Você tem apenas 38 anos, tá muito cedo para se lamentar pelas escolhas da vida. Dá tempo de sobra para tangenciar e seguir outros caminhos. 

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Na verdade, eu sei qual é a minha questão. E o problema é que quanto mais eu fujo dela, eu acabo esbarrando com ela mais ainda. 

Como disse, trabalhei com tecnologia por mais de 15 anos, mas antes disso eu era um cara da comunicação (não comentei antes que até tive uma banda de rock na igreja). Mas eu nunca me contentei em me deparar com uma coisa e não procurar entender pelo menos o básico dela. 

E foi assim: em 2004 eu trabalhava no jornalismo da rádio, e aí a rádio revolveu colocar um site no ar. Contrataram uma empresa, e como o site precisava ser abastecido com notícias e conteúdo, e eu já fazia de tudo lá, desde ser locutor a editor e operador de áudio, eu fiquei responsável pelo site (mesmo porque eu já fazia uns freelances pra outros sites de notícia). Quando vi, tinha aprendido PHP e fui trabalhar pra empresa que fez o site.

2004, interior de Mato Grosso. Qualquer um que tivesse alguma afinidade com computador virava programador. Dois anos depois eu estava programando em umas 5 linguagens diferentes e fui contratado pela empresa de sistema de gestão comercial (sistema esse que a rádio também usava). E posso dizer que eu era bom no que fazia, pois eu sabia programar bem (eu era acima da média) e ainda tinha a visão de campo, pois antes de ser desenvolvedor de tecnologia eu era um usuário de tecnologia.

Mas tempos depois eu vi que ficar preso na frente da tela de um computador era um porre pra um cara que veio da área da comunicação. Aí em 2015 eu resolvi fazer direito, pois direito também tem muito a ver com comunicação. Continuei programando durante o curso. Passei na porra da OAB. Fui demitido da empresa de sistema. Meti a cara no direito. 

O mercado do direito está saturado? Sim, mas eu tava dando meus pulos!

Aí veio a pandemia. 

Tive que me virar, e fui pra área comercial... Estava sendo ótimo: eu viajava, ia nos clientes, me relacionava com fornecedores... E até fazia uns corre jurídico pra empresa...

Aí o pessoal me disse um dia: "Você já foi programador, né? Como você é bom com tecnologia, poderia fazer um negócio assim pra agilizar as coisas pra gente?" 

E desde então eu não consigo me livrar desse negócio de TI. Eu sei que existe demanda, mas eu não tenho mais saco pra ficar o dia todo na frente de um computador programando, rodando consulta SQL ou fazendo PROCV no Excel.

O foda é que eu sei que sou bom como advogado, ou como um cara de negócios e com pessoas. Posso me virar com quase qualquer coisa, eu vou atrás, e se não sei aprendo.

Mas (sei lá se é por conta da falta de gente com conhecimento e experiência em TI), quando as pessoas descobrem que eu manjo de tecnologia querem me colocar pra programar.

Só que eu não suporto mais isso. Na verdade, nem posso, pois tenho miopia, astigmatismo e 40 anos. Horas de exposição à luz azul do monitor não ajudam muito.

O fato é que às vezes eu coloco meu conhecimento de tecnologia como um diferencial, e acabo "vendendo" mais essa habilidade do que as outras. 

Eu sei o que está me matando: eu preciso sair pra fora, pegar a estrada, falar com gente. Eu amo aeroporto, travessias de balsa e restaurante de BR (foi assim que comecei minha vida profissional). Mas acabo parado na frente de um computador. 

E a culpa é minha, pois eu fiz disso uma desculpa: quando a coisa aperta, eu lembro que sou bom com tecnologia e dou uma ideia que acaba sobrando pra mim. É tipo um vício que sufoca as outras coisas que eu realmente quero fazer da minha vida.

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14 minutes ago, Leandro Henrique Soares disse:

Complementando o que a colega falou, além de ter uma conversa sincera (e definitiva) com alguém da empresa, não se esqueça de que você não está sozinho nessa jornada. Como você comentou, sua esposa largou o emprego para ir junto com você nessa empreitada. Então acredito que é justo você conversar com ela e juntos decidirem o que fazer. Inclusive é o que deveria fazer antes de vir aqui para ouvir conselhos de desconhecidos 😊

Você tem apenas 38 anos, tá muito cedo para se lamentar pelas escolhas da vida. Dá tempo de sobra para tangenciar e seguir outros caminhos. 

Na verdade, já falei com minha esposa antes de vir aqui, e justamente preciso de um choque de realidade de quem está de fora pra ajudar a enxergar melhor o cenário.

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Ah, sim! 

Eu conversei com a direção da empresa. E adivinha o que eles querem: que eu "ajude" com essa área de automatização de processos. Até aí tudo bem, se pra isso eu tivesse uma equipe. Mas, na prática, isso vai significar eu botando a mão pra fazer sozinho.

Aliás, na época que aceitei a proposta a conversa do meu ex colega era essa: você terá uma equipe à sua disposição. E dá pra ver que não é bem assim. Ele caiu no mundo, me deixou com as demandas, até que saíram com ele. E eu fiquei sem escolha.

Aí que está o meu erro: eu preciso de coragem pra dizer que eu vim aqui pra área comercial, pra fazer gestão. E é claro que não se faz gestão em 2025 sem tecnologia. Mas isso não significa que eu tenha que voltar pra frente do computador pra escovar bits.

Minha esposa já me disse: cuidado pra eles não colocarem você pra fazer um sistema pra empresa toda (pois ela já conhece o filme: eu, dias e noites, sábados e domingos, no quarto do hotel nas férias, na frente do notebook resolvendo BO de sistema).

Tenho que admitir que é hora de ter coragem pra mudar de rumo, e da próxima vez colocar no currículo que só sei Word e Excel básico.

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11 minutes ago, Pedro Moura Araújo disse:

Ah, sim! 

Eu conversei com a direção da empresa. E adivinha o que eles querem: que eu "ajude" com essa área de automatização de processos. Até aí tudo bem, se pra isso eu tivesse uma equipe. Mas, na prática, isso vai significar eu botando a mão pra fazer sozinho.

Aliás, na época que aceitei a proposta a conversa do meu ex colega era essa: você terá uma equipe à sua disposição. E dá pra ver que não é bem assim. Ele caiu no mundo, me deixou com as demandas, até que saíram com ele. E eu fiquei sem escolha.

Aí que está o meu erro: eu preciso de coragem pra dizer que eu vim aqui pra área comercial, pra fazer gestão. E é claro que não se faz gestão em 2025 sem tecnologia. Mas isso não significa que eu tenha que voltar pra frente do computador pra escovar bits.

Minha esposa já me disse: cuidado pra eles não colocarem você pra fazer um sistema pra empresa toda (pois ela já conhece o filme: eu, dias e noites, sábados e domingos, no quarto do hotel nas férias, na frente do notebook resolvendo BO de sistema).

Tenho que admitir que é hora de ter coragem pra mudar de rumo, e da próxima vez colocar no currículo que só sei Word e Excel básico..

É uma saída... refaz sei currículo e seu linkedin mostrando apenas as experiências que interessam para a função/papel que você almeja, inclusive colocando office básico e tirando todos os rastros que você já foi garoto de programa (realmente trabalhar durante as madrugadas e ninguém da sua famíla entender o que você faz para ganhar dinheiro, é suspeito demais).

Com isto feito, o negócio é sair procurando novas oportunidades e aproveitar que está empregado para fazer esta transição com calma...

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3 horas atrás, Raul disse:

Cara, primeiro de tudo, para de se chamar de burro ou achar que tem bloqueio. Burro não tem esse currículo. Quem faz uma reviravolta dessas na vida, passando de locutor pra programador, de programador pra jurista e depois caindo na gestão de negócios, tá longe de ser burro. Você é adaptável pra caramba. O problema não é o que você é capaz de fazer, é pra onde você tá direcionando essa capacidade.

Sobre essa mudança pra Cuiabá: você não tomou uma decisão errada, você tomou uma decisão que parecia a melhor na época com as informações que tinha. Mas, como sempre, a vida tem variáveis que a gente não controla. O colega que te levou queimou o próprio filme, e a empresa jogou você pra um canto porque não sabe o que fazer com um cara do seu nível. O problema é deles, não seu.

Agora, falando sério: parece que você tá tentando jogar o jogo de alguém que você não é. Sua história mostra que você tem um puta potencial, mas tá tentando encaixar isso em moldes que não combinam com você. Ficar esperando empresa valorizar ou achar que posição X ou Y vai resolver tudo... não vai. Você não precisa que alguém te dê uma "oportunidade boa". Você já tem tudo pra criar a sua própria.

Meu conselho:

Decida o que você quer de verdade. Tá na cara que você quer mais gestão e menos operacional, mas por quê? É status? É impacto? É não querer mais ficar preso no operacional? Se você não souber o que realmente quer, vai continuar dando tiro no escuro.

Assuma o controle. Tá na hora de pegar todo esse seu conhecimento e aplicar do seu jeito. Se a empresa não tá te usando bem, f***-se. Planeja algo fora: outro emprego, empreender, sei lá. Só não fica parado esperando alguém ver seu valor, porque isso raramente acontece.

Pare de tentar agradar os outros. Você saiu de Sinop achando que ia ganhar mais e que o custo de vida seria menor porque disseram isso pra você. Agora tá descobrindo que a realidade é outra. Normal. Mas para de tomar decisão pensando no que os outros dizem ou no que "deveria" dar certo. Faz o que é certo pra você e pra sua família, mesmo que signifique voltar atrás.

Sobre o "onde estou errando": você não tá errando, você tá vivendo. Decisão errada faz parte do jogo. O que define é o que você faz a partir daqui. Se for voltar pra Sinop, volta sem vergonha. Se decidir ficar e revirar o jogo aí, bora pra cima. O que não dá é ficar parado se sentindo "burro" por uma decisão que não saiu como esperado.

E para de se comparar comigo ou com qualquer outra pessoa. Cada um tem seu caminho, e o seu tá longe de ser de "cagão". Aliás, é justamente porque você se protegeu financeiramente que tá com margem pra recomeçar agora. Então usa isso como vantagem e vai pra próxima.

Ah, e deixa essa história de network pra lá. Ninguém precisa ficar puxando saco pra dar certo. Só se foca no que você controla e bora.

Talvez seja essa a grande verdade que eu não quero admitir: tá mais do que na hora de eu criar coragem pra empreender, mas eu continuo agarrado na CLT.

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2 minutes ago, Pedro Moura Araújo disse:

Talvez seja essa a grande verdade que eu não quero admitir: tá mais do que na hora de eu criar coragem pra empreender, mas eu continuo agarrado na CLT.

Faz igual o Raul... começa a empreender simultâneamente ao trabalho CLT.

Ele conta isto nos vídeos do canal.

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