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Quanto custa meu sonho


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Boa tarde pessoal, tô aqui no trabalho no restaurante falando a respeito desse tópico por estar sem tempo 😂 Meu nome é Leonardo, tenho 16 anos. Meu sonho, pensando bem profundamente, é extremamente frustrante e que não será possível por toda a vida até o momento que penso nele. Acredito fielmente que sonho vai mudando, sempre. Você termina um, ou se frustra com outros, você passa a ansiar por mais. O meu grande sonho atualmente sempre foi mudar a mente da minha vó, a respeito de muitas coisas. Tentei, tentei do mais absoluto tudo, mas mudar a cabeça de gente véia é quase impossível. Moro com ela, mas também moro com minha mãe biológica. Ela tem bipolaridade, é manipuladora e estupidamente cinica, vive as custas de minha vó. Fez muita coisa errada comigo, talvez por isso se criou uma espécie de barreira para ficar longe de casa, sempre. Hoje mesmo, saio do trabalho 23:00 no centro de rio verde/go, às vezes vou para minha tia, ficar por lá. Minha vó ficou estagnada na classe média, ou está piorando a coisa em si. Minha mãe sempre dependeu dela para viver, abdicando até do trabalho para isso, enquanto fuma um paiero e escuta “funk” (talvez por isso desenvolvi um nojo por isso). Minha vó sempre passou a mão na cabeça dela, até para as coisas mais escrota possíveis. Meu sonho durante uns 8 anos, foi para ela tentar mudar de casa, e deixasse que minha mãe vivesse a vida as próprias custas, não como um parasita. Moro na mesma casa, sem reforma, há 16 anos. Nunca me faltou comida, mas minha briga foi por vezes, sempre psicológicas e não financeiras. Minha tia (criada como irmã comigo) já tentou por diversas formas tentar mudar minha vó, mas sem sucesso, se afastando de nós, para o Paraná, cursar engenharia elétrica. Os planos dela são claros: nunca voltar a morar no Goiás, especialmente Rio verde, quer ir para Santa Catarina (e penso em ir com ela aos 18). Tenho extrema gratidão por essas 2 pessoas na minha vida, talvez sem ela jamais teria o privilégio de ser o que sou, e apenas um sapo dentro de um poço como minha mãe. Mas ver minha vó se afundando, sinceramente é triste, ainda mais com as perdas que tivemos a longo da minha vida, como 2 pessoas que considerava como “pai”. Nunca tive o previlégio de ter sido criado pelo meu biológico, talvez seja bom assim, eu não sei. Minha vida toda fui sempre elogiado por saber história, geopolítica, economia, dentro de mim foi se criando um ego na pré adolescência que me fez me arrepender muito das coisas. Sempre ou quase, me arrependo por vezes que choro na madrugada (especialmente lendo Kafka, cara parece muito minha situação). Conheci o Raul pelos shorts do YouTube em 2023, desde então nunca parei de ver, especialmente o domingão com os resumos da semana kk. Particularmente a infância pelo que ele contou se parece um pouco com a minha, mas talvez a minha foi mais triste. O buraco é mais embaixo, bem mais. 

O meu 2° sonho que talvez seja frustrante, bem possível, que nunca se realizará, é um estado brasileiro eficiente. A primeira pessoa que considerei meu pai, por vezes, criado como filho, mas com certa indiferença por ser filho de minha mãe, e não de minha vó, foi o ex marido da minha vó (pai da minha tia/irmã). Eu simplesmente adorava assistir fórmula 1 junto com ele na sala, com um colchão na sala naquelas TV fuleira de tubo haha, enquanto minha vó chamava a gente para almoçar. O cara sabia simplesmente quase tudo que eu perguntava quando era criança, contava do universo, hidrelétrica, corrida, motocross… era épocas inimagináveis de ser feliz, não pela riqueza em si, mas pelo prazer de estar ali, feliz. Perdi ele aos 5/6 anos de idade, assassinado. Desde aquele momento, demorou 10 anos para que houvesse condenação dos autores por parte da justiça, um processo demorado, que por vezes abandonado pela própria família dele, deixado de mão. Cresceu-se em mim um rancor do Estado. Uns anos após (mais de 7 anos eu acho) a poupança roubada por Color havia sido devolvida a minha vó (não era o valor exato que tinha, mas era uma migalha). Vivi sempre com o governo atrapalhando tudo para mim. A prefeitura que se abdicou de pagar minha vó, período matutino da escola (mais de 4 anos sem pagar), trabalha por 2 turnos, como professora; teve a sorte de se aposentar aos 50. Depois de alguns anos, finalmente, o município foi condenado a pagar a quantia total a ela, que ainda está em pendência. Hoje na minha escola, vejo o cinismo do secretário e demais políticos vindo a minha escola, palestrar a respeito do vale refeição de 100 reais. Nos disse para sermos gratos pelo o que o estado “dá” aos alunos, disse que veria muitos políticos na plateia de alunos semi analfabetos do ensino médio e cegos pela idolatria. Foi tanta coisa, que me fez mal de fato. Acho que as vezes é tanta raiva que passo mal. Ver a primeira live do Raul da turma 42, o plano ambicioso dele, achei interessante, mas com ressalvas. Não acredito que no momento que ter o poderio monetário, não irá querer uma mudança de fato. Nunca mudou, talvez nunca mudará. Acho que é mais do mesmo (quero muito estar errado). Tenho outros histórias, mas daí viraria um livro 😅

Editado por Leonardo Martins Barcelos
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Olá!

Primeiramente, sinto muito que você passou (e, possivelmente, ainda passe). Algumas das situações que você relatou eu não consigo nem mesmo imaginar como é, enquanto outras eu consigo assimilar com a minha própria caminhada - e o que eu vou dizer na sequência não é de forma alguma na intenção de invalidar seus sentimentos, mas sim para oferecer uma outra perspectiva baseada na razão.

Antes de mais nada eu gostaria de ressaltar que, apesar de parecer clichê, nossas catástrofes pessoais tendem a melhorar - de verdade. Especialmente quando você escolhe tomar as rédeas da sua situação para mudá-la, mas aqui é onde eu sinto a obrigação de ser brutalmente honesto com você: as rédeas que lhe pertencem são, apenas, as suas. Você não tem o direito - e muito menos o dever - de mudar a opinião e/ou pensamento de outras pessoas além do seu próprio. Isso quer dizer que, necessariamente, o seu primeiro sonho é intangível. Não por falta de vontade ou motivação, mas sim por impossibilidade... Eu sei muito bem o quanto é duro ver uma pessoa que amamos se manter numa vida que nos parece insalubre, mas isso é uma decisão que cabe única e exclusivamente a cada um. A nós, meu amigo, apenas nos resta opinar e tentar demonstrar que há outros caminhos, mas a decisão final não nos cabe.
Partindo desta premissa, a minha interpretação do que seria o seu primeiro sonho na realidade é ter a possibilidade e os meios para acolher sua avó, ou seja, mesmo em um cenário em que as escolhas tomadas por ela pudessem colocar sua subsistência em jogo, você fosse capaz de evitar isso. Esta minha interpretação retira o ônus de aguardar mudanças em terceiros e passa para você a responsabilidade de fazê-lo acontecer - assustador, porém libertador em mesma proporção.

Já quanto ao seu segundo sonho, eu vou correr o risco de parecer tiozão. Lembro como se fosse ontem dos meus ideais e anseios por mudanças estruturais na nossa sociedade de quando tinha a mesma idade que você. E isso se estendeu por muito tempo, mas a cada ano que passa fica mais difícil acreditar que isso seja alcançável em um futuro próximo (ou mesmo distante). Hoje, com 32 e um emprego que me possibilita renda suficiente para planejar um futuro confortável - uma coisa impensável para o jovem Wesley que, aos 15, almejava "trabalhar em um escritório" - vejo que a principal postura que me trouxe um modesto sucesso (sucesso este comparado às minhas próprias aspirações, claro) foi me concentrar em mudar apenas no que estava ao meu alcance de ser mudado, além de doses cavalares de sorte e medo de não ser suficiente. Infelizmente demorei mais de uma década para entender isso e começar a colocar em prática. Assim como em seu primeiro sonho, o segundo também não depende de você e isto pode estar te causando aflição, e é por isso que decidi compartilhar a minha experiência pessoal, ainda que singela e totalmente enviesada: tudo que disse aqui é exatamente o que eu diria ao jovem Wesley.

tl;dr: Foque em aprimorar seu conhecimento e no que você pode mudar. Confie no processo e se coloque em situações que te tirem da zona de conforto - sempre com riscos calculados, claro. É assim que sua vida estará totalmente diferente daqui 10 anos.

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Boa noite. 1:46 da manhã. A primeira vez que li esse post e respondi a você, eu estava cego pelo meu ego e não pensei a fundo sobre meu erro que causei. O meu primeiro sonho foi um completo absurdo do que eu estou fazendo a vida toda. Sempre fui entrosado em dar opinião nas decisões dos outros, isso me afastou de uma forma inimaginável para todos, principalmente no meu colégio. Tô errado, muito. Meu ego a maior parte do tempo me impede em pedir desculpas. Refleti sobre seu comentário que condiz exatamente com o que eu penso. Sou um pecador extremamente arrependido. Que baita merda que eu fiz, fazer isso. Meu círculo de amizades, sala de aula, descobri que a maioria pensam que eu sou um escroto que fala mal dos outros. Cara, você não tem ideia do quanto seu comentário me ajudou. Meu amigo me disse seu conselho, mas de outras maneiras. Uns dias atrás quando eu estava saindo do colégio vi uma garota que estudava na minha sala, parei para conversar com ela. Naquele dia havia ocorrido uma briga muito grande. Abordando ela, falei que aquilo é uma idiotice e que no geral vai ferrar com todo mundo. Talvez no calor do momento, ela citou que achava que o namorado dela estava envolvido e que estava achando ruim. Sabendo disso, com o mesmo pensamento imbecil que tive, fui tentar contornar as rédeas da situação falando para tomar cuidado com quem você anda e escolhe para estar junto. Acho que só naquela frase já lascou tudo, falei o que não devia. Não deu outra, ontem a mesma pessoa junto com o namorado vieram reclamar para mim, ameaçando de violência física. Claro, essa situação é um absurdo, só que quem causou tudo isso foi uma culpa exclusivamente minha, em querer opinar nos pensamentos dos outros. Eu não tinha entendido o que estava acontecendo e, não pedi desculpas pelo equívoco. Acho que só agora fui perceber que essa situação toda poderia ser evitada por isso. Sei que é uma situação bem extrema e nada a ver de acontecer, o cara me ameaçou de violência física, me difamou de esquisito. Eu não consigo acreditar que eu abaixei meu nível de opinar para uma situação completamente nada a ver. Beira ao engraçado. 
 

Eu me coloquei nessa situação absurda, causei um problema facilmente evitável: passar reto. 
O grande ensinamento que tirei desse exemplo é ficar na minha e tentar mudar a mim. E não opinar a respeito dos outros. Cada um com seu cavalo. Segunda feira vou ver se peço desculpas e não irei interferir nas relações dos outros, algo que eu sequer tenho direto disso. A sala inteira praticamente não gosta de mim por isso, ser muito na cara e dar opiniões ‘fortes’. acho que isso se aplica a todo meu dia a dia…. Novamente, obrigado pelo o que me disse. Tem diversos outros modos de como se aprofundar a sua resposta, mas no calor do momento agora, acho que essa é a que mais se adequa a coisa em si. Preciso cuidar mais da minha própria vida e no que posso mudar. Obrigado Wesley por me dizer a verdade, não tinha percebido até agora.

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