O analista do dia seguinte

[Juliana Pfeil]

No vídeo da ITAUSA de ontem o Raul cita o "analista do dia seguinte". Fiquei pensando como as pessoas gostam desse tipo de coisa e como muita gente lucra fazendo análises irresponsáveis do que acontece no mercado. Explico: inferência causal na ciência é algo muito, mas muito difícil de ser provada. Não é porque dois fatos ocorreram no mesmo período que estão relacionados. Não é porque duas variáveis estão associadas que elas têm relação causal. Por isso um olhar transversal nunca pode concluir causalidade. Ou seja, olhar uma foto do momento nunca permite analisar se algo é causa ou consequência de um fato. Para isso são necessários experimentos sob ambientes controlados e com grupos de comparação. Se não é hipótese, não fato. No entanto, corriqueiramente somos bombardeados de "tal coisa aconteceu e causou queda nas ações de tal empresa", ou (esses eu adoro) "medo de sei lá o que causa histeria na bolsa" (além de prever o que causa os acontecimentos a gente também admite que as pessoas prevejam sentimentos das todas as outras pessoas). E isso é super bem aceito. Talvez por isso tanta gente tenha essa falsa segurança de que é possível enriquecer especulando. Será que se soubéssemos que essas explicações não são tão sólidas como acreditamos nos sentiríamos tão confortáveis com o mundo?

[Evelyn Santos]

Muito interessante a sua explanação.
Quando alguém fala do passado é mais fácil encaixar a informação relacionada e daí é exatamente como você falou.

[ROBERTO ARLINDO PINTO]

ótima reflexão. Para a histeria do mercado, muitas vezes não há explicação.

[Raul]

O ser humano e sua busca incessante por padrões, vale muito a pena assistir a série Cosmos (Tem na Netflix uma versão atualizada dela, a antiga é melhor, mas na falta serve haha), que mostra porque somos assim.
Mas foi maravilhosa a sua explicação! Obrigado pela contribuição!