Acompanhando as postagens de dúvidas sobre renda fixa na comunidade, vejo sempre perguntas sobre marcação a mercado. Aqui, tento dar um pouco de contribuição das dúvidas mais recorrentes que tenho visto. Convido os colegas para acrescentarem mais informações e, também, dúvidas.
É melhor esperar todas as altas da Selic para investir nos prefixados?
Se todo o mercado já sabe que a selic vai subir, esse movimento já foi precificado antes de nós, sardinhas, sonharmos que ele aconteceria.
Como sempre coloca o @Raul… Se todo o mercado sabe de um movimento, ele já está precificado há tempos.
O Tesouro Prefixado não acompanha, exatamente, a selic. Pode parecer contraditório, mas não é. O que o Tesouro Prefixado faz é precificar a média de juros entre hoje e a sua data de vencimento. Nisso, inclui-se que a selic vai subir e vai cair. Ele se baseia mais na expectativa de selic futura, até seu vencimento, que nos próximos aumentos em si. Se houver um consenso no mercado que, após a próximas reuniões, a selic vai entrar em tendência de queda, o que vai acontecer com o prefixado é diminuir a taxa, porque a média da expectativa de juros caiu. Essas médias são sempre um retrato que precificam as expectativas presentes e podem sempre se alterar à medida que os cenários vão se alterando.
Para ter uma noção melhor, podemos conferir o DI futuro operado na B3 e o Boletim Focus, que apresenta o consenso das expectativas do mercado.
É possível investir em CDBs/RDBs LCIs, LCAs, e outros títulos privados pensando em marcação a mercado?
A marcação a mercado é um fenômeno que acontece em todos os ativos de renda fixa, no entanto, apenas os títulos públicos - TESOURO DIRETO - te permitem ganhar com esse movimento, pois nos ativos privados como CDB, LCI, LCA, CRI, CRA... o spread cobrado pelos bancos vai te fazer perder dinheiro, porque ele corrói a rentabilidade.
O mercado secundário existe para a negociação dos ativos títulos, mas não tem um cálculo pré-estabelecido que vá nortear o valor do ativo, como existe nos títulos públicos. Resumindo: não compre ativos privados pensando em marcação a mercado. Os títulos privados são, essencialmente, para carregarmos até o vencimento.
O tesouro prefixado é um bom título para marcação a mercado?
Investimentos no Tesouro Prefixado não são os melhores ativos para aproveitar o fenômeno de marcação a mercado. Explico. O título mais longo do Tesouro Prefixado sem juros semestrais vence em janeiro de 2032. Essa janela de tempo, menos que 7 anos, vai fazer com a variação entre preço e taxa, em geral, não seja tão abrupta. Obviamente que uma mudança drástica na política fiscal pode fazer com que abra-se um cenário favorável ao resgate do título com ganhos na marcação a mercado, mas, nesse caso, você deve sempre refletir se os investimentos disponíveis no momento de resgate são melhores e irão te garantir uma rentabilidade maior que a contratada no título. Em taxas no nível que estão hoje, com o perfil de baixo risco do tesouro, dificilmente valerá a pena retirar o investimento para colocar em outro ativo.
Quais os melhores títulos para aproveitar as oportunidades da marcação a mercado?
Os títulos mais indicados para marcação a mercado são os títulos de longo prazo do tesouro direto, em que a relação entre preço e taxa criam ótimas oportunidades, já que o vetor tempo é o potencializador dos juros compostos.
Estamos falando dos títulos, pois, dos títulos Tesouro IPCA+ 2040, Tesouro IPCA+ 2050, e todos os títulos Tesouro Renda+Aposentadoria Extra que vencem depois de 2040. Esse títulos são mais indicados porque possuem uma possibilidade maior de mudança de cenário, considerando que a marcação a mercado, geralmente, tem uma janela de espera que pode variar de 2 a 6/7 anos, ou mais, dependendo das guinadas da política fiscal, além disso, como os juros compostos tem o tempo como sua potência, então quando mais longo o tempo, mas a alteração na taxa vai alterar o preço do título. Alterações mínimas nesses títulos já apresentam variações de "ganho" ou "perda" de renda variável. São títulos de renda fixa que têm volatilidade de renda variável, por isso, também, que possibilitam ganhos mais expressivos.
Qual a relevância do fator tempo para a marcação a mercado?
Na fórmula dos juros compostos, o fator tempo é a potência, de forma que quanto mais longo o tempo, mais uma variação pequena na taxa afeta de forma significativamente os rendimentos futuros.
Colocando cálculos para ficar mais claro:
Valor inicial: 1000,00 Valor inicial: 1000,00
Período: 5 anos Período: 5 anos
Taxa de juros: 8% Taxa de juros: 8,5%
Valor total final: R$1.469,33 Valor total final: R$1.503,66
Diferença de rentabilidade: R$ 34,33
Em um período de 5 anos, alterando 0,5% na taxa de juros, você tem uma diferença muito pequena no resultado, porque o tempo de ação dos juros compostos no dinheiro investido é pequeno. Mas, veja o exemplo abaixo, considerando um investimento de 30 anos:
Valor inicial: 1000,00 Valor inicial: 1000,00
Período: 30 anos Período: 30 anos
Taxa de juros: 8% Taxa de juros: 8,5%
Valor total final: R$10.062,66 Valor total final: R$11.558,25
Diferença de rentabilidade: R$ 1495,59
Note que, nesse caso, alterando os mesmo 0,5% de rentabilidade, você tem uma mudança significativa no resultado. Por quê? Porque, como coloquei, o tempo é a potência dos juros compostos. Como a taxa e o preço são um pêndulo, então quanto mais longo o tempo, mais mudanças sutis vão impactar na rentabilidade final e, consequentemente, no preço do título.
Devemos sempre investir pensando na marcação a mercado?
Não. Por mais que pareça sempre mais sedutor pensar o tempo todo em utilizar a marcação a mercado, uma grande parte da nossa carteira de renda fixa deve estar em títulos que vamos carregar até o vencimento, isso porque para resgatar um título devemos analisar se há outros investimentos com potencial de ganho melhor que a taxa que estamos carregando. Além disso, nossa carteira deve alternar entre títulos de curto, médio e longo prazo, entre títulos de renda fixa públicos (tesouro direto) e títulos privados (CDB/LCI/LCA).
Somos, quase sempre, seduzidos pelo que é mais complexo de entender, por isso que uma grande parte das dúvidas de renda fixa são sobre marcação a mercado.
Pergunta
Alikaelli Porciuncula
Acompanhando as postagens de dúvidas sobre renda fixa na comunidade, vejo sempre perguntas sobre marcação a mercado. Aqui, tento dar um pouco de contribuição das dúvidas mais recorrentes que tenho visto. Convido os colegas para acrescentarem mais informações e, também, dúvidas.
Se todo o mercado já sabe que a selic vai subir, esse movimento já foi precificado antes de nós, sardinhas, sonharmos que ele aconteceria.
Como sempre coloca o @Raul… Se todo o mercado sabe de um movimento, ele já está precificado há tempos.
O Tesouro Prefixado não acompanha, exatamente, a selic. Pode parecer contraditório, mas não é. O que o Tesouro Prefixado faz é precificar a média de juros entre hoje e a sua data de vencimento. Nisso, inclui-se que a selic vai subir e vai cair. Ele se baseia mais na expectativa de selic futura, até seu vencimento, que nos próximos aumentos em si. Se houver um consenso no mercado que, após a próximas reuniões, a selic vai entrar em tendência de queda, o que vai acontecer com o prefixado é diminuir a taxa, porque a média da expectativa de juros caiu. Essas médias são sempre um retrato que precificam as expectativas presentes e podem sempre se alterar à medida que os cenários vão se alterando.
Para ter uma noção melhor, podemos conferir o DI futuro operado na B3 e o Boletim Focus, que apresenta o consenso das expectativas do mercado.
A marcação a mercado é um fenômeno que acontece em todos os ativos de renda fixa, no entanto, apenas os títulos públicos - TESOURO DIRETO - te permitem ganhar com esse movimento, pois nos ativos privados como CDB, LCI, LCA, CRI, CRA... o spread cobrado pelos bancos vai te fazer perder dinheiro, porque ele corrói a rentabilidade.
O mercado secundário existe para a negociação dos ativos títulos, mas não tem um cálculo pré-estabelecido que vá nortear o valor do ativo, como existe nos títulos públicos. Resumindo: não compre ativos privados pensando em marcação a mercado. Os títulos privados são, essencialmente, para carregarmos até o vencimento.
Investimentos no Tesouro Prefixado não são os melhores ativos para aproveitar o fenômeno de marcação a mercado. Explico. O título mais longo do Tesouro Prefixado sem juros semestrais vence em janeiro de 2032. Essa janela de tempo, menos que 7 anos, vai fazer com a variação entre preço e taxa, em geral, não seja tão abrupta. Obviamente que uma mudança drástica na política fiscal pode fazer com que abra-se um cenário favorável ao resgate do título com ganhos na marcação a mercado, mas, nesse caso, você deve sempre refletir se os investimentos disponíveis no momento de resgate são melhores e irão te garantir uma rentabilidade maior que a contratada no título. Em taxas no nível que estão hoje, com o perfil de baixo risco do tesouro, dificilmente valerá a pena retirar o investimento para colocar em outro ativo.
Os títulos mais indicados para marcação a mercado são os títulos de longo prazo do tesouro direto, em que a relação entre preço e taxa criam ótimas oportunidades, já que o vetor tempo é o potencializador dos juros compostos.
Estamos falando dos títulos, pois, dos títulos Tesouro IPCA+ 2040, Tesouro IPCA+ 2050, e todos os títulos Tesouro Renda+Aposentadoria Extra que vencem depois de 2040. Esse títulos são mais indicados porque possuem uma possibilidade maior de mudança de cenário, considerando que a marcação a mercado, geralmente, tem uma janela de espera que pode variar de 2 a 6/7 anos, ou mais, dependendo das guinadas da política fiscal, além disso, como os juros compostos tem o tempo como sua potência, então quando mais longo o tempo, mas a alteração na taxa vai alterar o preço do título. Alterações mínimas nesses títulos já apresentam variações de "ganho" ou "perda" de renda variável. São títulos de renda fixa que têm volatilidade de renda variável, por isso, também, que possibilitam ganhos mais expressivos.
Na fórmula dos juros compostos, o fator tempo é a potência, de forma que quanto mais longo o tempo, mais uma variação pequena na taxa afeta de forma significativamente os rendimentos futuros.
Colocando cálculos para ficar mais claro:
Valor inicial: 1000,00 Valor inicial: 1000,00
Período: 5 anos Período: 5 anos
Taxa de juros: 8% Taxa de juros: 8,5%
Valor total final: R$1.469,33 Valor total final: R$1.503,66
Diferença de rentabilidade: R$ 34,33
Em um período de 5 anos, alterando 0,5% na taxa de juros, você tem uma diferença muito pequena no resultado, porque o tempo de ação dos juros compostos no dinheiro investido é pequeno. Mas, veja o exemplo abaixo, considerando um investimento de 30 anos:
Valor inicial: 1000,00 Valor inicial: 1000,00
Período: 30 anos Período: 30 anos
Taxa de juros: 8% Taxa de juros: 8,5%
Valor total final: R$10.062,66 Valor total final: R$11.558,25
Diferença de rentabilidade: R$ 1495,59
Note que, nesse caso, alterando os mesmo 0,5% de rentabilidade, você tem uma mudança significativa no resultado. Por quê? Porque, como coloquei, o tempo é a potência dos juros compostos. Como a taxa e o preço são um pêndulo, então quanto mais longo o tempo, mais mudanças sutis vão impactar na rentabilidade final e, consequentemente, no preço do título.
Não. Por mais que pareça sempre mais sedutor pensar o tempo todo em utilizar a marcação a mercado, uma grande parte da nossa carteira de renda fixa deve estar em títulos que vamos carregar até o vencimento, isso porque para resgatar um título devemos analisar se há outros investimentos com potencial de ganho melhor que a taxa que estamos carregando. Além disso, nossa carteira deve alternar entre títulos de curto, médio e longo prazo, entre títulos de renda fixa públicos (tesouro direto) e títulos privados (CDB/LCI/LCA).
Somos, quase sempre, seduzidos pelo que é mais complexo de entender, por isso que uma grande parte das dúvidas de renda fixa são sobre marcação a mercado.
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3/Abr 2025
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Alikaelli Porciuncula
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