Hoje vim abrir um pouco o coração aqui por conta de minha situação em casa. E não tem como a não ser mandar um textão gigante...
Agradeço desde já quem dispor de seu tempinho para ler.
Como alguns já sabem, minha mãe passou por uns problemas de saúde e uma cirurgia esse ano. Desde então venho cuidando dela.
A cirurgia que foi da coluna foi sucesso mesmo com as complicações que ela teve (um terceiro infarto, infecção hospitalar) e ela nunca mais sentiu dores na coluna que eram muito severas e tendiam, segundo o médico, a levar ela a uma cadeira de rodas. Para quem tem 69 anos, aguentou muita coisa e resistiu.
Problema resolvido.
Mas aí que começam outros.
Ela tem osteoporose. E uns meses após a cirurgia e por ela ter ficado muito em repouso (25 dias de hospital, mais quase dois meses até ter começado a fisioterapia), os desgaste começaram a atacar. Dores fortes nos joelhos, ainda com dificuldade pra andar com musculatura fraca, perda de massa, dores no quadril... e pra terminar de ajudar, estamos suspeitando que ela está com inflamação no nervo ciático pois ela vem tendo dores nas pernas que fazem ela chorar. Essa do suposto nervo atacado deve estar fazendo um mês. Amanhã já temos um reumatologista marcado para ver a questão de osteoporose e ver se conseguimos algo já com esse nervo ou se será necessário um ortopedista.
A locomoção aos médicos é complexa. Aqui em casa tem escada da casa em si para a rua. Sempre preciso chamar alguém para colocarmos ela em uma cadeira e descermos as escadas para enfim entrarmos no carro e eu levar ela ao médico.
O que me dói em falar (e muito, tô me segurando aqui enquanto escrevo para ser honesto) é que eu não estou aguentando mais em prestar os cuidados. Não é por mal, ou falta de paciência (talvez um pouco de falta de paciência na verdade mas devido ao cansaço, ao esgotamento). Difícil eu conseguir sair de casa para me divertir, para distrair. A cada uma vez que dá para eu sair, eu já desmarquei uns 8 outros convites. Ou ela ela está com bastante de dor e não rola deixar ela sozinha ou devido aos horários não consigo ficar muito tempo fora de casa pois ela depende muito de mim para levantar da cama, ela se apoia em mim e eu seguro ela para pode sentar e levantar do vaso, sentar na cadeira da cozinha para comer... Não vou deixar dúvida de que eu amo muito ela e eu adoraria ajudar a cuidar. Mas por outro lado eu estou cedendo minha vida para que a dela ande. Parece exagero mas infelizmente não. Não sei se consegui expor as coisas aqui de forma que isso se faça a entender.
Estou já pouco mais de um ano sem trabalhar fazendo apenas umas coisas em casa para vender e gerar uma rendinha, meus aportes ainda são feitos de forma controlada com valores que recebi da minha rescisão no ano passado e quanto muito gasto com livros para estudar e pago minha facul que é baixo o valor por ser EAD. Mas falando em facul, mal consigo estudar. Não consigo parar 2h para me concentrar. Faz mais de um ano que não estou fazendo atividade física, estou atrasado em retornar com o psiquiatra há meses e minhas medicações já estão todas desreguladas. Ainda por milagre consigo ir uma vez por semana no psicólogo o que me ajuda bem.
Mas eu não dou conta. Dificilmente saio de casa para ver meus amigo e tentar jogar conversa fora, só saio nas obrigações (farmácia, mercado), não saio para caminhar, é complicado combinar coisas com pessoas para eu fazer pois pode ser que no dia ou horas antes eu acabe furando (odeio isso, não gosto de faltar com compromissos, sou muito exigente e rígido com essa questão) por ela estar pior no dia ou de uma hora para outra.
Por mais que eu esteja sendo muito útil a ela, não estou útil a mais nada. Ao menos é a sensação que me dá.
O financeiro em casa é OK pois minha mãe recebe os valores dela que ajudam na casa e não temos problema algum com isso o que é ótimo.
Mas como minhas vendas não são grandes, estou sentindo a falta de gerar renda, de fazer parte de algo, de ter umas horas de trabalho e dedicação ou de fazer novos produtos para tentar aumentar as vendas e essa rendinha. Mas como fazer isso cuidando dela, cuidando da casa, tendo que estudar, tentar fazer esses negócios próprios e cuidar de mim mesmo?
Fora as noites de sono que há quase dois meses (acho) que estão péssimas. Quem consegue dormir escutando a única pessoa da sua família gemendo ou segurando choro de dor, respirando de forma ofegante que é bem audível e fora isso, dormir em estado de alerta pois pode ser que eu seja chamado para levar um remédio para tentar aliviar essas dores ou vontade dela de ir ao banheiro... Tem dias que seu eu durmo 4 ou 5h é muito.
Engraçado que as vezes que consigo entrar aqui para conversar com a turma, responder um tópico tentando ajudar, falar umas bolacha pra dar risada, assistir as lives de segunda, parece que tudo aqui flui legal. Mas sempre faço isso com a cabeça em outro lugar...
Não vejo outra alternativa a não ser ter pelo menos uma cuidadora. O problema é a aceitação dela a isso. Tanto que ainda mal toquei no assunto. Até então só falei que eu gostaria de arrumar uma cuidadora pelo menos para uns dois dias em dezembro por conta da baguncinha aqui da AVUP que eu queria muito ir. Rever uma turminha que conheci pessoalmente que são demais, conhecer mais pessoas.
Mas sabem aquelas pessoas que acham que os filhos que tem que cuidar dos pais? Pois é...
Deixar ela então em uma casa de repouso... não consigo esperar uma reação dela melhor do que "você vai me abandonar". Ela é um pouco cabeça dura e muito nervosa. Nervosa no sentido de guardar muita coisa, não colocar pra fora, não falar o que incomoda e isso rumina qualquer ser humano por dentro.
Eu estou totalmente ciente do que precisa ser feito que seria tentar conversar com ela para a questão da cuidadora. Só quis escrever mesmo na forma de tentar aliviar um pouco essa carga que não tá fácil de aguentar...
Pois tem hora que não sei... Só arrasto o dia do jeito que dá. E não quero voltar aos quadros de saúde que já tive antes (talvez vocês imaginem do que eu esteja falando).
Até pensei em mandar como anônimo mas algumas pessoas aqui já saberiam de quem se trataria no final das contas. então melhor dar a cara a tapa de uma vez pois estou tranquilo aqui dentro deste ambiente.
Bom, só descarreguei aqui.
Se você chegou até aqui, obrigado de verdade por seu tempo em "ter me escutado" um pouquinho. Só de escrever e saber que algumas pessoas irão ler de alguma isso me ajuda pois parece que desabafei e tive um ombro amigo que só ouviu e isso é de grande valia em umas situações assim.
Pergunta
Edison Paulini
Bom dia, sardinhas
Como estão?
Hoje vim abrir um pouco o coração aqui por conta de minha situação em casa. E não tem como a não ser mandar um textão gigante...
Agradeço desde já quem dispor de seu tempinho para ler.
Como alguns já sabem, minha mãe passou por uns problemas de saúde e uma cirurgia esse ano. Desde então venho cuidando dela.
A cirurgia que foi da coluna foi sucesso mesmo com as complicações que ela teve (um terceiro infarto, infecção hospitalar) e ela nunca mais sentiu dores na coluna que eram muito severas e tendiam, segundo o médico, a levar ela a uma cadeira de rodas. Para quem tem 69 anos, aguentou muita coisa e resistiu.
Problema resolvido.
Mas aí que começam outros.
Ela tem osteoporose. E uns meses após a cirurgia e por ela ter ficado muito em repouso (25 dias de hospital, mais quase dois meses até ter começado a fisioterapia), os desgaste começaram a atacar. Dores fortes nos joelhos, ainda com dificuldade pra andar com musculatura fraca, perda de massa, dores no quadril... e pra terminar de ajudar, estamos suspeitando que ela está com inflamação no nervo ciático pois ela vem tendo dores nas pernas que fazem ela chorar. Essa do suposto nervo atacado deve estar fazendo um mês. Amanhã já temos um reumatologista marcado para ver a questão de osteoporose e ver se conseguimos algo já com esse nervo ou se será necessário um ortopedista.
A locomoção aos médicos é complexa. Aqui em casa tem escada da casa em si para a rua. Sempre preciso chamar alguém para colocarmos ela em uma cadeira e descermos as escadas para enfim entrarmos no carro e eu levar ela ao médico.
O que me dói em falar (e muito, tô me segurando aqui enquanto escrevo para ser honesto) é que eu não estou aguentando mais em prestar os cuidados. Não é por mal, ou falta de paciência (talvez um pouco de falta de paciência na verdade mas devido ao cansaço, ao esgotamento). Difícil eu conseguir sair de casa para me divertir, para distrair. A cada uma vez que dá para eu sair, eu já desmarquei uns 8 outros convites. Ou ela ela está com bastante de dor e não rola deixar ela sozinha ou devido aos horários não consigo ficar muito tempo fora de casa pois ela depende muito de mim para levantar da cama, ela se apoia em mim e eu seguro ela para pode sentar e levantar do vaso, sentar na cadeira da cozinha para comer... Não vou deixar dúvida de que eu amo muito ela e eu adoraria ajudar a cuidar. Mas por outro lado eu estou cedendo minha vida para que a dela ande. Parece exagero mas infelizmente não. Não sei se consegui expor as coisas aqui de forma que isso se faça a entender.
Estou já pouco mais de um ano sem trabalhar fazendo apenas umas coisas em casa para vender e gerar uma rendinha, meus aportes ainda são feitos de forma controlada com valores que recebi da minha rescisão no ano passado e quanto muito gasto com livros para estudar e pago minha facul que é baixo o valor por ser EAD. Mas falando em facul, mal consigo estudar. Não consigo parar 2h para me concentrar. Faz mais de um ano que não estou fazendo atividade física, estou atrasado em retornar com o psiquiatra há meses e minhas medicações já estão todas desreguladas. Ainda por milagre consigo ir uma vez por semana no psicólogo o que me ajuda bem.
Mas eu não dou conta. Dificilmente saio de casa para ver meus amigo e tentar jogar conversa fora, só saio nas obrigações (farmácia, mercado), não saio para caminhar, é complicado combinar coisas com pessoas para eu fazer pois pode ser que no dia ou horas antes eu acabe furando (odeio isso, não gosto de faltar com compromissos, sou muito exigente e rígido com essa questão) por ela estar pior no dia ou de uma hora para outra.
Por mais que eu esteja sendo muito útil a ela, não estou útil a mais nada. Ao menos é a sensação que me dá.
O financeiro em casa é OK pois minha mãe recebe os valores dela que ajudam na casa e não temos problema algum com isso o que é ótimo.
Mas como minhas vendas não são grandes, estou sentindo a falta de gerar renda, de fazer parte de algo, de ter umas horas de trabalho e dedicação ou de fazer novos produtos para tentar aumentar as vendas e essa rendinha. Mas como fazer isso cuidando dela, cuidando da casa, tendo que estudar, tentar fazer esses negócios próprios e cuidar de mim mesmo?
Fora as noites de sono que há quase dois meses (acho) que estão péssimas. Quem consegue dormir escutando a única pessoa da sua família gemendo ou segurando choro de dor, respirando de forma ofegante que é bem audível e fora isso, dormir em estado de alerta pois pode ser que eu seja chamado para levar um remédio para tentar aliviar essas dores ou vontade dela de ir ao banheiro... Tem dias que seu eu durmo 4 ou 5h é muito.
Engraçado que as vezes que consigo entrar aqui para conversar com a turma, responder um tópico tentando ajudar, falar umas bolacha pra dar risada, assistir as lives de segunda, parece que tudo aqui flui legal. Mas sempre faço isso com a cabeça em outro lugar...
Não vejo outra alternativa a não ser ter pelo menos uma cuidadora. O problema é a aceitação dela a isso. Tanto que ainda mal toquei no assunto. Até então só falei que eu gostaria de arrumar uma cuidadora pelo menos para uns dois dias em dezembro por conta da baguncinha aqui da AVUP que eu queria muito ir. Rever uma turminha que conheci pessoalmente que são demais, conhecer mais pessoas.
Mas sabem aquelas pessoas que acham que os filhos que tem que cuidar dos pais? Pois é...
Deixar ela então em uma casa de repouso... não consigo esperar uma reação dela melhor do que "você vai me abandonar". Ela é um pouco cabeça dura e muito nervosa. Nervosa no sentido de guardar muita coisa, não colocar pra fora, não falar o que incomoda e isso rumina qualquer ser humano por dentro.
Eu estou totalmente ciente do que precisa ser feito que seria tentar conversar com ela para a questão da cuidadora. Só quis escrever mesmo na forma de tentar aliviar um pouco essa carga que não tá fácil de aguentar...
Pois tem hora que não sei... Só arrasto o dia do jeito que dá. E não quero voltar aos quadros de saúde que já tive antes (talvez vocês imaginem do que eu esteja falando).
Até pensei em mandar como anônimo mas algumas pessoas aqui já saberiam de quem se trataria no final das contas. então melhor dar a cara a tapa de uma vez pois estou tranquilo aqui dentro deste ambiente.
Bom, só descarreguei aqui.
Se você chegou até aqui, obrigado de verdade por seu tempo em "ter me escutado" um pouquinho. Só de escrever e saber que algumas pessoas irão ler de alguma isso me ajuda pois parece que desabafei e tive um ombro amigo que só ouviu e isso é de grande valia em umas situações assim.
Valeu, sardinha!
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Bom dia, sardinhas Como estão? Hoje vim abrir um pouco o coração aqui por conta de minha situação em casa. E não tem como a não ser mandar um textão gigante... Agradeço desde já
Maila Silva
@Edison Paulini você é um entre poucos, realmente um exemplo de dedicação e cuidado. O seu texto transparece o coração enorme que você tem. Não se sinta culpado por cogitar a hipótese de ter algu
Diego Rodrigues Alves Da Silva
Boa noite meu mano. Primeiramente, Paz e bem pra vc e sua mamãe. Cara, é dificil falar qualquer coisa que não seja clichê, com tamanha carga que vc esteja vivendo agora, de toda forma forma, mand
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