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Entendendo sobre Marcação a Mercado


Edison Luis Paulini

Pergunta

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Top, ótima explicação 

12 horas atrás, Edison Luis Paulini disse:

Boa tarde, sardinhas! 

 

Um tema que sempre gera bastante dúvidas por aqui é a famigerada marcação a mercado. A fins de tentar ajudar a nossa comunidade a entender ainda mais esse tema, resolvi montar este tópico explicando um pouco mais sobre o assunto colocando inclusive alguns exemplos com valores e tentando já sanar algumas dúvidas que normalmente temos quando nos deparamos com este tema. Venho observando as dúvidas que a comunidade tem no assunto e fiz um apanhado para tentar respondê-las.

Espero que seja uma boa contribuição com seus estudos e se ainda tiver dúvidas, vamos conversar para não deixar nenhuma.

Então vamos lá!

 

 

Como sabemos, marcação a mercado é um acontecimento do mercado que faz com que as taxas e preços de títulos se alterem diariamente.

 

Quando adquirimos um título do Tesouro Prefixado ou IPCA+, estamos sujeitos a ter a marcação a mercado.

Para entender um pouco sobre isso, vamos a um exemplo abaixo de um título prefixado:

 

Vamos supor que compramos um título no valor de R$615 a uma taxa de 10,22%aa e que seu vencimento será em 5 anos.

Isso fará com que o título tenha seu valor de R$1.000 no vencimento.

Apenas um adendo. O título valer R$1.000 é uma regra tanto para o Tesouro Prefixado, como no Tesouro IPCA+, que neste segundo caso valerá R$1.000 corrigidos pela inflação, por este motivo ele é comercializado com o valor acima de R$1.000.

Voltando ao exemplo, o título no preço exemplificado acima teria seus seguintes valores ao final de cada ano:

Ano 1: R$677,85

Ano 2: R$747,13

Ano 3: R$823,49

Ano 4: R$907,65

Ano 5: R$1.000,41

(Valores simulados na calculadora de juros compostos do Investidor Sardinha com os números citados anteriormente)

Notamos que no final o título irá valer R$1.000. (Pode dar uns centavinhos a mais ou a menos de diferença, mas em suma o valor final é de R$1.000 bruto)

 

Porém, a marcação a mercado faz com que esses valores que vamos chamar de teóricos (porque na teoria eles devem seguir estes valores de acordo com a taxa contratada na aquisição do título) tenham uma diferença e gerem valores que chamaremos de valores reais que serão os que o título vai estar realmente valendo conforme o passar do tempo até seu vencimento.

 

Os valores se geram de acordo com a taxa. O primeiro exemplo abaixo, vamos observar que o mesmo título comprado a R$615 esteja agora com uma nova taxa de 9,20%aa. Logo, seus valores teóricos seriam os seguintes:

Ano 1: R$671,58

Ano 2: R$733,37

Ano 3: R$800,83

Ano 4: R$874,51

Ano 5: R$954,97

 

Aqui a regra de o título valer R$1.000 foi quebrada ficando com o valor abaixo. Para corrigir isso, o preço do título será ajustado para R$644 com essa nova taxa para que o mesmo possa valer os R$1.000 em seu vencimento. Abaixo seguem os valores conforme a nova taxa de rentabilidade:

Ano 1: R$703,25

Ano 2: R$767,95

Ano 3: R$838,60

Ano 4: R$915,75

Ano 5: R$1.000,00

 

O contrário também poderá acontecer. Quando a taxa subir, o preço irá cair para que o título valha R$1.000 no vencimento.

 

E o que faz essa taxa alterar? Essa é uma dúvida muito frequente e normalmente tendemos a pensar que é a variação da taxa de juros (Selic) que afeta diretamente essa taxa do título. Mas o tema é um pouco mais abrangente. Primeiro vamos entender que essa taxa que estamos falando que sofre variação é a taxa de mercado, ou seja, a taxa a qual o mercado precifica o título de acordo com sua oferta, risco e demanda.

Um cenário onde podemos ter uma confusão semelhante é com o Tesouro IPCA+. Vamos entender um pouquinho mais isso pegando como base o título IPCA+ 6,11%aa de vencimento para 2029 (dados estes consultados no momento dessa postagem).

A confusão acontece no percentual de 6,11%. Essa é a taxa de mercado que é o que fará com que de fato se tenha alterações no preço do título. Ou seja, um título IPCA+ paga o percentual do IPCA mais a taxa de mercado. Se o IPCA está valendo, por exemplo, 3,50%aa o título estará pagando um total de 9,61%aa. Vamos perceber que a taxa do IPCA é uma coisa e a taxa de mercado é outra. E voltamos a frisar que o que faz o valor do título flutuar é a taxa de mercado, que inclusive faz jus ao nome do fenômeno da marcação a mercado.

E voltando a falar sobre a variação da taxa de mercado, temos diversos fatores que influenciam nessa taxa. É um conjunto de fatores e não um específico: taxa de juros, inflação, cenários da macroeconomia, expectativas de mercado, PIB, dentre outras variáveis.

 

Entendido então como funciona a marcação, quando podemos marcar a mercado fazendo a venda antecipada? Lembrando que a marcação a mercado é antecipar um lucro do título e reaplicar o valor em outro título que pague uma rentabilidade superior ao invés de levar o mesmo até o vencimento. Abordaremos isso a seguir em três passos a serem seguidos para avaliarmos se compensará realizar a marcação.

 

1 - O primeiro passo é verificar se seu título está com um valor real acima do valor teórico. Não realizamos marcação a mercado quando o valor real está abaixo do teórico, pois isso significa que estaríamos vendendo nosso título por um valor abaixo do que deveria estar sendo pago. Ou seja, se meu título deveria estar valendo R$660 (valor teórico), mas está no momento com o valor real R$620, eu estaria perdendo R$40 na venda.

Apenas para ilustrar, vamos pegar a primeira lista de valores que tivemos no início do post  onde o título foi comprado a R$615 e a taxa era de 10,22%aa. Porém, a taxa do título sofreu alteração para baixo a 8,65%aa e agora temos os seguintes valores se comparados:

image.png.aacd250f4e5873f78bf78b18f16ec7ee.png

Agora vamos imaginar que estamos no terceiro ano levando o titulo que foi quando houve a alteração da taxa. Ali no terceiro ano onde o título deveria estar valendo na teoria R$823,49 o seu valor real está em R$847,11, ou seja, acima do teórico. Então podemos partir para o segundo passo;

 

2 - O segundo passo vai ser calcular o IR. Como sabemos o tesouro direto também é regido pela tabela regressiva do IR e teremos uma alíquota aplicada de acordo com o tempo em que estamos com o título em carteira.

No exemplo acima estamos no terceiro ano onde a alíquota regente do IR será de 15% em cima do rendimento. Ao se obter o rendimento líquido, podemos comparar se este valor ainda está acima do valor teórico do nosso título. Estando acima, partimos para o terceiro e último passo.

OBS: aqui podemos pensar que as chances de termos uma marcação favorável a partir de 720 dias onde estaremos na menor alíquota do IR que é a de 15%. Antes até se pode acontecer, mas as chances são menores, pois uma taxa maior de alíquota de imposto irá consumir mais a rentabilidade obtida.

 

3 - O terceiro e último passo seria avaliar se temos outro título (seja outro Tesouro, seja CDB, enfim) que esteja pagando uma rentabilidade superior ao que ganharíamos levando o titulo até o vencimento. Ou até mesmo reaplicar o valor na Renda Variável de acordo com sugestões do Diagrama do Cerrado.

Tomando como base o reinvestimento em renda fixa, podemos procurar um investimento que ofereça uma rentabilidade pelo menos um pouco acima a qual estaria recebendo se levássemos o título até o final.

No nosso exemplo anterior, estávamos avaliando o terceiro ano que estamos carregando nosso título. A partir daquele momento, se levarmos o título até o final a rentabilidade gerada seria de aproximadamente 8,65%aa.

 

Logo, para reaplicarmos o valor, o ideal seria achar títulos que oferecerão uma rentabilidade superior a essa. Por exemplo, um CDB prefixado a 9,00%aa ou mais. É importante lembrar que se fazemos a marcação a mercado em, por exemplo, um título de Tesouro Prefixado não necessariamente precisamos reinvestir em um Tesouro Prefixado ou até mesmo outro título com o mesmo indexador. Se encontrarmos um título com IPCA+ ou rendendo um percentual do DI que esteja com uma rentabilidade superior. Essa seria então a regra: um título independente de qual for que traga uma rentabilidade maior podendo inclusive o valor ser reaplicado na renda variável em alguns casos como, por exemplo, a meta da classe de renda fixa já ter sido extrapolada e o aporte se faria necessário em outras classes de ativos.

Neste ponto, via marcação a mercado conseguimos antecipar juros recebidos pelo título, pois já estaríamos recebendo um valor superior na venda antecipada do que deveríamos estar recebendo naquele momento. Ainda assim, o título nos geraria um determinado rendimento até seu vencimento. Porém este rendimento pode ser suprido com rendimentos melhores de outros títulos onde podemos reaplicar o valor.

Top, ótima explicação,  eu estava patinando nas aulas.

Porém surgiu uma outra dúvida aqui. 

No vídeo o Raul disse que não tem como escolher o título a ser vendido, eles seriam executados na ordem do mais antigo para o mais novo. 

Então, por exemplo, se eu tenho um título antigo que ainda não está maduro, e digamos (hipoteticamente) que eu tenha adquirido outro em outra situação,  com uma taxa mais atrativa para ser vendida no momento, como proceder neste caso?

Ou essa situação jamais poderia acontecer? 

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19 minutes ago, Adriano Umemura disse:

Bom dia @Raphael Makouto Nishi. Sim, esta situação pode acontecer. Neste caso voce teria que calcular se a venda dos 2 titulos compensaria.

Contudo, na aula 17 do modulo 3 voce tera contato com o conceito do contrafluxo a qual utilizamos para a escolha do titulo baseado no ciclo de mercado. Quando utilizamos esta estrategia aliada a aportes regulares, os nossos titulos serão compostos por um conjunto com caracteristicas muito semelhantes. A possibilidade ainda tem chance de ocorrer, mas com impacto praticamente insignificante.

Muito obrigado, top dmais cara👍

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2 horas atrás, Raphael Makouto Nishi disse:

Top, ótima explicação 

Top, ótima explicação,  eu estava patinando nas aulas.

Porém surgiu uma outra dúvida aqui. 

No vídeo o Raul disse que não tem como escolher o título a ser vendido, eles seriam executados na ordem do mais antigo para o mais novo. 

Então, por exemplo, se eu tenho um título antigo que ainda não está maduro, e digamos (hipoteticamente) que eu tenha adquirido outro em outra situação,  com uma taxa mais atrativa para ser vendida no momento, como proceder neste caso?

Ou essa situação jamais poderia acontecer? 

Bom dia, Raphael!

Apenas um complemento também a resposta do @Adriano Umemura.

A venda do título mais antigo sempre ocorrerá dentro de um mesmo tipo de tesouro. Ou seja, se você escolhe, por exemplo, fazer a venda de um título IPCA+, será o IPCA+ mais antigo que será vendido. 

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1 hora atrás, Edison Luis Paulini disse:

Obrigado, Rafa!

O intuito aqui é dar esse complemento na aula e em um tema que talvez não seja tão difundido (eu mesmo só conheci aqui na AUVP  😅)

Bom então vamos a prática, 

Agora com a tendência de baixa da Selic, provavelmente aqueça a economia incentivando o povo a tomar empréstimos e etc certo? Logo, provavelmente a inflação venha a subir por conta do pessoal usar uma linha de crédito ao invés de dinheiro, sendo assim um dinheiro que não existe começa a entrar em jogo.

Então seria uma boa hora para entrar em um IPCA+ pois quando a inflação subir posso vender meu título usando a marcação?

O raciocínio bateu?

Tem um IPCA+ 6,13a.a. para 2029😏

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1 hour ago, Raphael Makouto Nishi disse:

Bom então vamos a prática, 

Agora com a tendência de baixa da Selic, provavelmente aqueça a economia incentivando o povo a tomar empréstimos e etc certo? Logo, provavelmente a inflação venha a subir por conta do pessoal usar uma linha de crédito ao invés de dinheiro, sendo assim um dinheiro que não existe começa a entrar em jogo.

Então seria uma boa hora para entrar em um IPCA+ pois quando a inflação subir posso vender meu título usando a marcação?

O raciocínio bateu?

Tem um IPCA+ 6,13a.a. para 2029😏

Bom dia, Raphael!

Sim, é uma possibilidade. Porém, na minha opinião visar um investimento fazendo a marcação a mercado não é uma estratégia ideal. 

Seguir o contrafluxo é a melhor opção pois através dele conseguimos travar boas taxas para ciclos futuros do mercado e sabemos que o mercado é formado por ciclos. E no contrafluxo, quando temos a sugestão de aporte no mês para renda fixa, visamos o contrafluxo com a melhor taxa para aquele momento do aporte. 

Entenda a marcação a mercado como um benefício que você pode ter, um eventual "brinde" ganho com uma aplicação, mas não o objetivo principal.

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Ajudou bastante Edison

20 horas atrás, Edison Luis Paulini disse:

Boa tarde, sardinhas! 

 

Um tema que sempre gera bastante dúvidas por aqui é a famigerada marcação a mercado. A fins de tentar ajudar a nossa comunidade a entender ainda mais esse tema, resolvi montar este tópico explicando um pouco mais sobre o assunto colocando inclusive alguns exemplos com valores e tentando já sanar algumas dúvidas que normalmente temos quando nos deparamos com este tema. Venho observando as dúvidas que a comunidade tem no assunto e fiz um apanhado para tentar respondê-las.

Espero que seja uma boa contribuição com seus estudos e se ainda tiver dúvidas, vamos conversar para não deixar nenhuma.

Então vamos lá!

 

 

Como sabemos, marcação a mercado é um acontecimento do mercado que faz com que as taxas e preços de títulos se alterem diariamente.

 

Quando adquirimos um título do Tesouro Prefixado ou IPCA+, estamos sujeitos a ter a marcação a mercado.

Para entender um pouco sobre isso, vamos a um exemplo abaixo de um título prefixado:

 

Vamos supor que compramos um título no valor de R$615 a uma taxa de 10,22%aa e que seu vencimento será em 5 anos.

Isso fará com que o título tenha seu valor de R$1.000 no vencimento.

Apenas um adendo. O título valer R$1.000 é uma regra tanto para o Tesouro Prefixado, como no Tesouro IPCA+, que neste segundo caso valerá R$1.000 corrigidos pela inflação, por este motivo ele é comercializado com o valor acima de R$1.000.

Voltando ao exemplo, o título no preço exemplificado acima teria seus seguintes valores ao final de cada ano:

Ano 1: R$677,85

Ano 2: R$747,13

Ano 3: R$823,49

Ano 4: R$907,65

Ano 5: R$1.000,41

(Valores simulados na calculadora de juros compostos do Investidor Sardinha com os números citados anteriormente)

Notamos que no final o título irá valer R$1.000. (Pode dar uns centavinhos a mais ou a menos de diferença, mas em suma o valor final é de R$1.000 bruto)

 

Porém, a marcação a mercado faz com que esses valores que vamos chamar de teóricos (porque na teoria eles devem seguir estes valores de acordo com a taxa contratada na aquisição do título) tenham uma diferença e gerem valores que chamaremos de valores reais que serão os que o título vai estar realmente valendo conforme o passar do tempo até seu vencimento.

 

Os valores se geram de acordo com a taxa. O primeiro exemplo abaixo, vamos observar que o mesmo título comprado a R$615 esteja agora com uma nova taxa de 9,20%aa. Logo, seus valores teóricos seriam os seguintes:

Ano 1: R$671,58

Ano 2: R$733,37

Ano 3: R$800,83

Ano 4: R$874,51

Ano 5: R$954,97

 

Aqui a regra de o título valer R$1.000 foi quebrada ficando com o valor abaixo. Para corrigir isso, o preço do título será ajustado para R$644 com essa nova taxa para que o mesmo possa valer os R$1.000 em seu vencimento. Abaixo seguem os valores conforme a nova taxa de rentabilidade:

Ano 1: R$703,25

Ano 2: R$767,95

Ano 3: R$838,60

Ano 4: R$915,75

Ano 5: R$1.000,00

 

O contrário também poderá acontecer. Quando a taxa subir, o preço irá cair para que o título valha R$1.000 no vencimento.

 

E o que faz essa taxa alterar? Essa é uma dúvida muito frequente e normalmente tendemos a pensar que é a variação da taxa de juros (Selic) que afeta diretamente essa taxa do título. Mas o tema é um pouco mais abrangente. Primeiro vamos entender que essa taxa que estamos falando que sofre variação é a taxa de mercado, ou seja, a taxa a qual o mercado precifica o título de acordo com sua oferta, risco e demanda.

Um cenário onde podemos ter uma confusão semelhante é com o Tesouro IPCA+. Vamos entender um pouquinho mais isso pegando como base o título IPCA+ 6,11%aa de vencimento para 2029 (dados estes consultados no momento dessa postagem).

A confusão acontece no percentual de 6,11%. Essa é a taxa de mercado que é o que fará com que de fato se tenha alterações no preço do título. Ou seja, um título IPCA+ paga o percentual do IPCA mais a taxa de mercado. Se o IPCA está valendo, por exemplo, 3,50%aa o título estará pagando um total de 9,61%aa. Vamos perceber que a taxa do IPCA é uma coisa e a taxa de mercado é outra. E voltamos a frisar que o que faz o valor do título flutuar é a taxa de mercado, que inclusive faz jus ao nome do fenômeno da marcação a mercado.

E voltando a falar sobre a variação da taxa de mercado, temos diversos fatores que influenciam nessa taxa. É um conjunto de fatores e não um específico: taxa de juros, inflação, cenários da macroeconomia, expectativas de mercado, PIB, dentre outras variáveis.

 

Entendido então como funciona a marcação, quando podemos marcar a mercado fazendo a venda antecipada? Lembrando que a marcação a mercado é antecipar um lucro do título e reaplicar o valor em outro título que pague uma rentabilidade superior ao invés de levar o mesmo até o vencimento. Abordaremos isso a seguir em três passos a serem seguidos para avaliarmos se compensará realizar a marcação.

 

1 - O primeiro passo é verificar se seu título está com um valor real acima do valor teórico. Não realizamos marcação a mercado quando o valor real está abaixo do teórico, pois isso significa que estaríamos vendendo nosso título por um valor abaixo do que deveria estar sendo pago. Ou seja, se meu título deveria estar valendo R$660 (valor teórico), mas está no momento com o valor real R$620, eu estaria perdendo R$40 na venda.

Apenas para ilustrar, vamos pegar a primeira lista de valores que tivemos no início do post  onde o título foi comprado a R$615 e a taxa era de 10,22%aa. Porém, a taxa do título sofreu alteração para baixo a 8,65%aa e agora temos os seguintes valores se comparados:

image.png.aacd250f4e5873f78bf78b18f16ec7ee.png

Agora vamos imaginar que estamos no terceiro ano levando o titulo que foi quando houve a alteração da taxa. Ali no terceiro ano onde o título deveria estar valendo na teoria R$823,49 o seu valor real está em R$847,11, ou seja, acima do teórico. Então podemos partir para o segundo passo;

 

2 - O segundo passo vai ser calcular o IR. Como sabemos o tesouro direto também é regido pela tabela regressiva do IR e teremos uma alíquota aplicada de acordo com o tempo em que estamos com o título em carteira.

No exemplo acima estamos no terceiro ano onde a alíquota regente do IR será de 15% em cima do rendimento. Ao se obter o rendimento líquido, podemos comparar se este valor ainda está acima do valor teórico do nosso título. Estando acima, partimos para o terceiro e último passo.

OBS: aqui podemos pensar que as chances de termos uma marcação favorável a partir de 720 dias onde estaremos na menor alíquota do IR que é a de 15%. Antes até se pode acontecer, mas as chances são menores, pois uma taxa maior de alíquota de imposto irá consumir mais a rentabilidade obtida.

 

3 - O terceiro e último passo seria avaliar se temos outro título (seja outro Tesouro, seja CDB, enfim) que esteja pagando uma rentabilidade superior ao que ganharíamos levando o titulo até o vencimento. Ou até mesmo reaplicar o valor na Renda Variável de acordo com sugestões do Diagrama do Cerrado.

Tomando como base o reinvestimento em renda fixa, podemos procurar um investimento que ofereça uma rentabilidade pelo menos um pouco acima a qual estaria recebendo se levássemos o título até o final.

No nosso exemplo anterior, estávamos avaliando o terceiro ano que estamos carregando nosso título. A partir daquele momento, se levarmos o título até o final a rentabilidade gerada seria de aproximadamente 8,65%aa.

 

Logo, para reaplicarmos o valor, o ideal seria achar títulos que oferecerão uma rentabilidade superior a essa. Por exemplo, um CDB prefixado a 9,00%aa ou mais. É importante lembrar que se fazemos a marcação a mercado em, por exemplo, um título de Tesouro Prefixado não necessariamente precisamos reinvestir em um Tesouro Prefixado ou até mesmo outro título com o mesmo indexador. Se encontrarmos um título com IPCA+ ou rendendo um percentual do DI que esteja com uma rentabilidade superior. Essa seria então a regra: um título independente de qual for que traga uma rentabilidade maior podendo inclusive o valor ser reaplicado na renda variável em alguns casos como, por exemplo, a meta da classe de renda fixa já ter sido extrapolada e o aporte se faria necessário em outras classes de ativos.

Neste ponto, via marcação a mercado conseguimos antecipar juros recebidos pelo título, pois já estaríamos recebendo um valor superior na venda antecipada do que deveríamos estar recebendo naquele momento. Ainda assim, o título nos geraria um determinado rendimento até seu vencimento. Porém este rendimento pode ser suprido com rendimentos melhores de outros títulos onde podemos reaplicar o valor.

Ajudou bastante Edison!

Mas ainda fiquei com uma dúvida mais básica...

Na Aula 05 - Tesouro pré-fixado, no minuto 3:30 o Raul fala que a Taxa Selic é alterada diariamente! Mas isso ele falou diferente na aula introdução ao Tesouro direito onde era reajustada a cada 45 dias conforme a inflação/IPCA.

Entendo conforme tu falou na explicação que a taxa que sofre variação é a taxa de mercado, ou seja, a taxa a qual o mercado precifica o título de acordo com sua oferta, risco e demanda (dentro da qual a taxa Selic faz parte).

Então estou confuso quanto o que realmente varia diariamente, se puder me explicar!

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28 minutes ago, Djeison Mikael Campanher disse:

Ajudou bastante Edison

Ajudou bastante Edison!

Mas ainda fiquei com uma dúvida mais básica...

Na Aula 05 - Tesouro pré-fixado, no minuto 3:30 o Raul fala que a Taxa Selic é alterada diariamente! Mas isso ele falou diferente na aula introdução ao Tesouro direito onde era reajustada a cada 45 dias conforme a inflação/IPCA.

Entendo conforme tu falou na explicação que a taxa que sofre variação é a taxa de mercado, ou seja, a taxa a qual o mercado precifica o título de acordo com sua oferta, risco e demanda (dentro da qual a taxa Selic faz parte).

Então estou confuso quanto o que realmente varia diariamente, se puder me explicar!

Boa tarde, Djeison!

Aqui existe uma diferença entre o que temos como a taxa que vamos conceituar como taxa Selic Meta e taxa Selic Over.

A Selic Meta nada mais é do que a taxa estabelecida pela COPOM a cada 45 dias (que inclusive tivemos a queda de 0,25% ontem). 

No dia a dia o que é regido é a Selic Over que podemos entender como a taxa média das operações de financiamento de um dia que tem seu lastreamento em títulos públicos. Existe um cálculo realizado mas o resultado normalmente bate com o DI, ou seja, aproximadamente 0,10% a menos que a Selic Meta.

Aqui neste caso, a variação da taxa Selic Over é tão pequena que praticamente não consideramos a marcação a mercado pois não ocorre uma variação maior como podemos ver nos exemplos que coloquei no post pegando um prefixado como exemplo.

 

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On 08/05/2024 at 16:51, Edison Luis Paulini disse:

Boa tarde, sardinhas! 

 

Um tema que sempre gera bastante dúvidas por aqui é a famigerada marcação a mercado. A fins de tentar ajudar a nossa comunidade a entender ainda mais esse tema, resolvi montar este tópico explicando um pouco mais sobre o assunto colocando inclusive alguns exemplos com valores e tentando já sanar algumas dúvidas que normalmente temos quando nos deparamos com este tema. Venho observando as dúvidas que a comunidade tem no assunto e fiz um apanhado para tentar respondê-las.

Espero que seja uma boa contribuição com seus estudos e se ainda tiver dúvidas, vamos conversar para não deixar nenhuma.

Então vamos lá!

 

 

Como sabemos, marcação a mercado é um acontecimento do mercado que faz com que as taxas e preços de títulos se alterem diariamente.

 

Quando adquirimos um título do Tesouro Prefixado ou IPCA+, estamos sujeitos a ter a marcação a mercado.

Para entender um pouco sobre isso, vamos a um exemplo abaixo de um título prefixado:

 

Vamos supor que compramos um título no valor de R$615 a uma taxa de 10,22%aa e que seu vencimento será em 5 anos.

Isso fará com que o título tenha seu valor de R$1.000 no vencimento.

Apenas um adendo. O título valer R$1.000 é uma regra tanto para o Tesouro Prefixado, como no Tesouro IPCA+, que neste segundo caso valerá R$1.000 corrigidos pela inflação, por este motivo ele é comercializado com o valor acima de R$1.000.

Voltando ao exemplo, o título no preço exemplificado acima teria seus seguintes valores ao final de cada ano:

Ano 1: R$677,85

Ano 2: R$747,13

Ano 3: R$823,49

Ano 4: R$907,65

Ano 5: R$1.000,41

(Valores simulados na calculadora de juros compostos do Investidor Sardinha com os números citados anteriormente)

Notamos que no final o título irá valer R$1.000. (Pode dar uns centavinhos a mais ou a menos de diferença, mas em suma o valor final é de R$1.000 bruto)

 

Porém, a marcação a mercado faz com que esses valores que vamos chamar de teóricos (porque na teoria eles devem seguir estes valores de acordo com a taxa contratada na aquisição do título) tenham uma diferença e gerem valores que chamaremos de valores reais que serão os que o título vai estar realmente valendo conforme o passar do tempo até seu vencimento.

 

Os valores se geram de acordo com a taxa. O primeiro exemplo abaixo, vamos observar que o mesmo título comprado a R$615 esteja agora com uma nova taxa de 9,20%aa. Logo, seus valores teóricos seriam os seguintes:

Ano 1: R$671,58

Ano 2: R$733,37

Ano 3: R$800,83

Ano 4: R$874,51

Ano 5: R$954,97

 

Aqui a regra de o título valer R$1.000 foi quebrada ficando com o valor abaixo. Para corrigir isso, o preço do título será ajustado para R$644 com essa nova taxa para que o mesmo possa valer os R$1.000 em seu vencimento. Abaixo seguem os valores conforme a nova taxa de rentabilidade:

Ano 1: R$703,25

Ano 2: R$767,95

Ano 3: R$838,60

Ano 4: R$915,75

Ano 5: R$1.000,00

 

O contrário também poderá acontecer. Quando a taxa subir, o preço irá cair para que o título valha R$1.000 no vencimento.

 

E o que faz essa taxa alterar? Essa é uma dúvida muito frequente e normalmente tendemos a pensar que é a variação da taxa de juros (Selic) que afeta diretamente essa taxa do título. Mas o tema é um pouco mais abrangente. Primeiro vamos entender que essa taxa que estamos falando que sofre variação é a taxa de mercado, ou seja, a taxa a qual o mercado precifica o título de acordo com sua oferta, risco e demanda.

Um cenário onde podemos ter uma confusão semelhante é com o Tesouro IPCA+. Vamos entender um pouquinho mais isso pegando como base o título IPCA+ 6,11%aa de vencimento para 2029 (dados estes consultados no momento dessa postagem).

A confusão acontece no percentual de 6,11%. Essa é a taxa de mercado que é o que fará com que de fato se tenha alterações no preço do título. Ou seja, um título IPCA+ paga o percentual do IPCA mais a taxa de mercado. Se o IPCA está valendo, por exemplo, 3,50%aa o título estará pagando um total de 9,61%aa. Vamos perceber que a taxa do IPCA é uma coisa e a taxa de mercado é outra. E voltamos a frisar que o que faz o valor do título flutuar é a taxa de mercado, que inclusive faz jus ao nome do fenômeno da marcação a mercado.

E voltando a falar sobre a variação da taxa de mercado, temos diversos fatores que influenciam nessa taxa. É um conjunto de fatores e não um específico: taxa de juros, inflação, cenários da macroeconomia, expectativas de mercado, PIB, dentre outras variáveis.

 

Entendido então como funciona a marcação, quando podemos marcar a mercado fazendo a venda antecipada? Lembrando que a marcação a mercado é antecipar um lucro do título e reaplicar o valor em outro título que pague uma rentabilidade superior ao invés de levar o mesmo até o vencimento. Abordaremos isso a seguir em três passos a serem seguidos para avaliarmos se compensará realizar a marcação.

 

1 - O primeiro passo é verificar se seu título está com um valor real acima do valor teórico. Não realizamos marcação a mercado quando o valor real está abaixo do teórico, pois isso significa que estaríamos vendendo nosso título por um valor abaixo do que deveria estar sendo pago. Ou seja, se meu título deveria estar valendo R$660 (valor teórico), mas está no momento com o valor real R$620, eu estaria perdendo R$40 na venda.

Apenas para ilustrar, vamos pegar a primeira lista de valores que tivemos no início do post  onde o título foi comprado a R$615 e a taxa era de 10,22%aa. Porém, a taxa do título sofreu alteração para baixo a 8,65%aa e agora temos os seguintes valores se comparados:

image.png.aacd250f4e5873f78bf78b18f16ec7ee.png

Agora vamos imaginar que estamos no terceiro ano levando o titulo que foi quando houve a alteração da taxa. Ali no terceiro ano onde o título deveria estar valendo na teoria R$823,49 o seu valor real está em R$847,11, ou seja, acima do teórico. Então podemos partir para o segundo passo;

 

2 - O segundo passo vai ser calcular o IR. Como sabemos o tesouro direto também é regido pela tabela regressiva do IR e teremos uma alíquota aplicada de acordo com o tempo em que estamos com o título em carteira.

No exemplo acima estamos no terceiro ano onde a alíquota regente do IR será de 15% em cima do rendimento. Ao se obter o rendimento líquido, podemos comparar se este valor ainda está acima do valor teórico do nosso título. Estando acima, partimos para o terceiro e último passo.

OBS: aqui podemos pensar que as chances de termos uma marcação favorável a partir de 720 dias onde estaremos na menor alíquota do IR que é a de 15%. Antes até se pode acontecer, mas as chances são menores, pois uma taxa maior de alíquota de imposto irá consumir mais a rentabilidade obtida.

 

3 - O terceiro e último passo seria avaliar se temos outro título (seja outro Tesouro, seja CDB, enfim) que esteja pagando uma rentabilidade superior ao que ganharíamos levando o titulo até o vencimento. Ou até mesmo reaplicar o valor na Renda Variável de acordo com sugestões do Diagrama do Cerrado.

Tomando como base o reinvestimento em renda fixa, podemos procurar um investimento que ofereça uma rentabilidade pelo menos um pouco acima a qual estaria recebendo se levássemos o título até o final.

No nosso exemplo anterior, estávamos avaliando o terceiro ano que estamos carregando nosso título. A partir daquele momento, se levarmos o título até o final a rentabilidade gerada seria de aproximadamente 8,65%aa.

 

Logo, para reaplicarmos o valor, o ideal seria achar títulos que oferecerão uma rentabilidade superior a essa. Por exemplo, um CDB prefixado a 9,00%aa ou mais. É importante lembrar que se fazemos a marcação a mercado em, por exemplo, um título de Tesouro Prefixado não necessariamente precisamos reinvestir em um Tesouro Prefixado ou até mesmo outro título com o mesmo indexador. Se encontrarmos um título com IPCA+ ou rendendo um percentual do DI que esteja com uma rentabilidade superior. Essa seria então a regra: um título independente de qual for que traga uma rentabilidade maior podendo inclusive o valor ser reaplicado na renda variável em alguns casos como, por exemplo, a meta da classe de renda fixa já ter sido extrapolada e o aporte se faria necessário em outras classes de ativos.

Neste ponto, via marcação a mercado conseguimos antecipar juros recebidos pelo título, pois já estaríamos recebendo um valor superior na venda antecipada do que deveríamos estar recebendo naquele momento. Ainda assim, o título nos geraria um determinado rendimento até seu vencimento. Porém este rendimento pode ser suprido com rendimentos melhores de outros títulos onde podemos reaplicar o valor.

Oi Edison e Cardume, boa noite. Eu empaquei no PASSO 2. Descontar o IR (15%) sobre o rendimento bruto (847,11-34,82), obtendo no título um valor de R$812,29, que é menor que o valor teórico de R$823,49. Minha dúvida é, no exemplo citado, valia a pena vender o título? O Rendimento foi 0,47% ao ano superior ao 10,22% prometido. Achei baixo. Desculpem o textao

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5 horas atrás, Philipe Leitão Ribeiro disse:

Oi Edison e Cardume, boa noite. Eu empaquei no PASSO 2. Descontar o IR (15%) sobre o rendimento bruto (847,11-34,82), obtendo no título um valor de R$812,29, que é menor que o valor teórico de R$823,49. Minha dúvida é, no exemplo citado, valia a pena vender o título? O Rendimento foi 0,47% ao ano superior ao 10,22% prometido. Achei baixo. Desculpem o textao

Bom dia @Philipe Leitão Ribeiro. No ano 3 o valor do titulo estava em R$847,11. O IR sera calculado da rentabilidade obtida do valor que voce comprou o titulo R$677,85. Sendo assim, o lucro seria de R$169,26 que descontado 15% de IR restariam R$143,87 resgatando R$821,72

Ja se voce levasse até o vencimento receberia R$1000 e teria pago R$677,85 com lucro de R$322,15 descontando IR de 15% restariam R$273,82 resgatando R$951,67

Desta forma entramos no passo 3. Voce teria que encontrar um investimento que lhe pague mais do que a diferença de rentabilidade de R$129,95 para o periodo restante de 2 anos, o que daria uma rentabilidade liquida de 7,62%. Todos os valores são aproximados, somente para ter idéia da linha de raciocinio.

Mas temos que fazer todas estas contas? Existe uma forma mais facil que seria a seguinte. Se no ano 3 o seu titulo esta valendo R$847,11 com taxa de 8,65%aa, seria como se, voce estivesse comprando um titulo prefixado no preço de R$847,11 taxa de 8,65%aa e vencimento para 2 anos

Desta forma, como este titulo ja esta na aliquota minima, e o prazo restante de 2 anos tambem incidira a mesma aliquota, voce pode considerar que, se resgatar o titulo e conseguir alocar em outro investimento que pague acima dos 8,65%aa  ja estaria tendo ganho com a marcação.

Veja se a explicação faz sentido para voce. Caso reste mais alguma duvida poste aqui para podemos auxiliar,

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On 08/05/2024 at 16:51, Edison Luis Paulini disse:

Boa tarde, sardinhas! 

 

Um tema que sempre gera bastante dúvidas por aqui é a famigerada marcação a mercado. A fins de tentar ajudar a nossa comunidade a entender ainda mais esse tema, resolvi montar este tópico explicando um pouco mais sobre o assunto colocando inclusive alguns exemplos com valores e tentando já sanar algumas dúvidas que normalmente temos quando nos deparamos com este tema. Venho observando as dúvidas que a comunidade tem no assunto e fiz um apanhado para tentar respondê-las.

Espero que seja uma boa contribuição com seus estudos e se ainda tiver dúvidas, vamos conversar para não deixar nenhuma.

Então vamos lá!

 

 

Como sabemos, marcação a mercado é um acontecimento do mercado que faz com que as taxas e preços de títulos se alterem diariamente.

 

Quando adquirimos um título do Tesouro Prefixado ou IPCA+, estamos sujeitos a ter a marcação a mercado.

Para entender um pouco sobre isso, vamos a um exemplo abaixo de um título prefixado:

 

Vamos supor que compramos um título no valor de R$615 a uma taxa de 10,22%aa e que seu vencimento será em 5 anos.

Isso fará com que o título tenha seu valor de R$1.000 no vencimento.

Apenas um adendo. O título valer R$1.000 é uma regra tanto para o Tesouro Prefixado, como no Tesouro IPCA+, que neste segundo caso valerá R$1.000 corrigidos pela inflação, por este motivo ele é comercializado com o valor acima de R$1.000.

Voltando ao exemplo, o título no preço exemplificado acima teria seus seguintes valores ao final de cada ano:

Ano 1: R$677,85

Ano 2: R$747,13

Ano 3: R$823,49

Ano 4: R$907,65

Ano 5: R$1.000,41

(Valores simulados na calculadora de juros compostos do Investidor Sardinha com os números citados anteriormente)

Notamos que no final o título irá valer R$1.000. (Pode dar uns centavinhos a mais ou a menos de diferença, mas em suma o valor final é de R$1.000 bruto)

 

Porém, a marcação a mercado faz com que esses valores que vamos chamar de teóricos (porque na teoria eles devem seguir estes valores de acordo com a taxa contratada na aquisição do título) tenham uma diferença e gerem valores que chamaremos de valores reais que serão os que o título vai estar realmente valendo conforme o passar do tempo até seu vencimento.

 

Os valores se geram de acordo com a taxa. O primeiro exemplo abaixo, vamos observar que o mesmo título comprado a R$615 esteja agora com uma nova taxa de 9,20%aa. Logo, seus valores teóricos seriam os seguintes:

Ano 1: R$671,58

Ano 2: R$733,37

Ano 3: R$800,83

Ano 4: R$874,51

Ano 5: R$954,97

 

Aqui a regra de o título valer R$1.000 foi quebrada ficando com o valor abaixo. Para corrigir isso, o preço do título será ajustado para R$644 com essa nova taxa para que o mesmo possa valer os R$1.000 em seu vencimento. Abaixo seguem os valores conforme a nova taxa de rentabilidade:

Ano 1: R$703,25

Ano 2: R$767,95

Ano 3: R$838,60

Ano 4: R$915,75

Ano 5: R$1.000,00

 

O contrário também poderá acontecer. Quando a taxa subir, o preço irá cair para que o título valha R$1.000 no vencimento.

 

E o que faz essa taxa alterar? Essa é uma dúvida muito frequente e normalmente tendemos a pensar que é a variação da taxa de juros (Selic) que afeta diretamente essa taxa do título. Mas o tema é um pouco mais abrangente. Primeiro vamos entender que essa taxa que estamos falando que sofre variação é a taxa de mercado, ou seja, a taxa a qual o mercado precifica o título de acordo com sua oferta, risco e demanda.

Um cenário onde podemos ter uma confusão semelhante é com o Tesouro IPCA+. Vamos entender um pouquinho mais isso pegando como base o título IPCA+ 6,11%aa de vencimento para 2029 (dados estes consultados no momento dessa postagem).

A confusão acontece no percentual de 6,11%. Essa é a taxa de mercado que é o que fará com que de fato se tenha alterações no preço do título. Ou seja, um título IPCA+ paga o percentual do IPCA mais a taxa de mercado. Se o IPCA está valendo, por exemplo, 3,50%aa o título estará pagando um total de 9,61%aa. Vamos perceber que a taxa do IPCA é uma coisa e a taxa de mercado é outra. E voltamos a frisar que o que faz o valor do título flutuar é a taxa de mercado, que inclusive faz jus ao nome do fenômeno da marcação a mercado.

E voltando a falar sobre a variação da taxa de mercado, temos diversos fatores que influenciam nessa taxa. É um conjunto de fatores e não um específico: taxa de juros, inflação, cenários da macroeconomia, expectativas de mercado, PIB, dentre outras variáveis.

 

Entendido então como funciona a marcação, quando podemos marcar a mercado fazendo a venda antecipada? Lembrando que a marcação a mercado é antecipar um lucro do título e reaplicar o valor em outro título que pague uma rentabilidade superior ao invés de levar o mesmo até o vencimento. Abordaremos isso a seguir em três passos a serem seguidos para avaliarmos se compensará realizar a marcação.

 

1 - O primeiro passo é verificar se seu título está com um valor real acima do valor teórico. Não realizamos marcação a mercado quando o valor real está abaixo do teórico, pois isso significa que estaríamos vendendo nosso título por um valor abaixo do que deveria estar sendo pago. Ou seja, se meu título deveria estar valendo R$660 (valor teórico), mas está no momento com o valor real R$620, eu estaria perdendo R$40 na venda.

Apenas para ilustrar, vamos pegar a primeira lista de valores que tivemos no início do post  onde o título foi comprado a R$615 e a taxa era de 10,22%aa. Porém, a taxa do título sofreu alteração para baixo a 8,65%aa e agora temos os seguintes valores se comparados:

image.png.aacd250f4e5873f78bf78b18f16ec7ee.png

Agora vamos imaginar que estamos no terceiro ano levando o titulo que foi quando houve a alteração da taxa. Ali no terceiro ano onde o título deveria estar valendo na teoria R$823,49 o seu valor real está em R$847,11, ou seja, acima do teórico. Então podemos partir para o segundo passo;

 

2 - O segundo passo vai ser calcular o IR. Como sabemos o tesouro direto também é regido pela tabela regressiva do IR e teremos uma alíquota aplicada de acordo com o tempo em que estamos com o título em carteira.

No exemplo acima estamos no terceiro ano onde a alíquota regente do IR será de 15% em cima do rendimento. Ao se obter o rendimento líquido, podemos comparar se este valor ainda está acima do valor teórico do nosso título. Estando acima, partimos para o terceiro e último passo.

OBS: aqui podemos pensar que as chances de termos uma marcação favorável a partir de 720 dias onde estaremos na menor alíquota do IR que é a de 15%. Antes até se pode acontecer, mas as chances são menores, pois uma taxa maior de alíquota de imposto irá consumir mais a rentabilidade obtida.

 

3 - O terceiro e último passo seria avaliar se temos outro título (seja outro Tesouro, seja CDB, enfim) que esteja pagando uma rentabilidade superior ao que ganharíamos levando o titulo até o vencimento. Ou até mesmo reaplicar o valor na Renda Variável de acordo com sugestões do Diagrama do Cerrado.

Tomando como base o reinvestimento em renda fixa, podemos procurar um investimento que ofereça uma rentabilidade pelo menos um pouco acima a qual estaria recebendo se levássemos o título até o final.

No nosso exemplo anterior, estávamos avaliando o terceiro ano que estamos carregando nosso título. A partir daquele momento, se levarmos o título até o final a rentabilidade gerada seria de aproximadamente 8,65%aa.

 

Logo, para reaplicarmos o valor, o ideal seria achar títulos que oferecerão uma rentabilidade superior a essa. Por exemplo, um CDB prefixado a 9,00%aa ou mais. É importante lembrar que se fazemos a marcação a mercado em, por exemplo, um título de Tesouro Prefixado não necessariamente precisamos reinvestir em um Tesouro Prefixado ou até mesmo outro título com o mesmo indexador. Se encontrarmos um título com IPCA+ ou rendendo um percentual do DI que esteja com uma rentabilidade superior. Essa seria então a regra: um título independente de qual for que traga uma rentabilidade maior podendo inclusive o valor ser reaplicado na renda variável em alguns casos como, por exemplo, a meta da classe de renda fixa já ter sido extrapolada e o aporte se faria necessário em outras classes de ativos.

Neste ponto, via marcação a mercado conseguimos antecipar juros recebidos pelo título, pois já estaríamos recebendo um valor superior na venda antecipada do que deveríamos estar recebendo naquele momento. Ainda assim, o título nos geraria um determinado rendimento até seu vencimento. Porém este rendimento pode ser suprido com rendimentos melhores de outros títulos onde podemos reaplicar o valor.

Cara, muito obrigado pela explicação e pelo tempo dispendido em ajudar os demais colegas!!

Eu passei há pouco pela aula e anotei exatamente essa dúvida no meu resumo!!

Graças a essa explicação e a dúvida do outro colega com relação a retirada dos títulos, consegui matar esse assunto!!

Vocês são feras!!! 

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17 horas atrás, Philipe Leitão Ribeiro disse:

Putz, agora saquei

 

13 horas atrás, Guilherme Afonso disse:

Cara, muito obrigado pela explicação e pelo tempo dispendido em ajudar os demais colegas!!

Eu passei há pouco pela aula e anotei exatamente essa dúvida no meu resumo!!

Graças a essa explicação e a dúvida do outro colega com relação a retirada dos títulos, consegui matar esse assunto!!

Vocês são feras!!! 

Galera, se ainda tiverem dúvidas,  mandem aí para podermos ajudar.

O intuito do post é essa troca de ideias mesmo  =)

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On 08/05/2024 at 16:51, Edison Luis Paulini disse:

Neste ponto, via marcação a mercado conseguimos antecipar juros recebidos pelo título, pois já estaríamos recebendo um valor superior na venda antecipada do que deveríamos estar recebendo naquele momento.

 

On 11/05/2024 at 07:47, Adriano Umemura disse:

No ano 3 o valor do titulo estava em R$847,11. O IR sera calculado da rentabilidade obtida do valor que voce comprou o titulo R$677,85. Sendo assim, o lucro seria de R$169,26 que descontado 15% de IR restariam R$143,87 resgatando R$821,72

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Fiquei na dúvida nesse ponto onde no ano 3 eu antecipando o resgate, receberia R$ 821,72.

Mas esse valor não é menor que os R$823,49 teóricos do 3º ano?

A MENOS QUE, (levando em conta a regra de antecipar o resgate devido já estar recebendo um valor superior na venda antecipada), se descontar o IR dos R$ 823,49, o lucro seria R$145,64 que descontado 15% de IR restariam R$123,79 resgatando R$ 801,64.

ENTÃO, considerando os R$801,64, se eu resgatasse recebendo R$821,72 estaria no lucro porque já pagou a mais do que prometeu até o ano 3.

É ISSO MESMO?

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